• Carregando...

A Espanha lembra neste domingo o oitavo aniversário dos atentados terroristas do dia 11 de março de 2004 em Madri, quando 191 pessoas morreram, em meio à polêmica provocada pela coincidência de data escolhida pelos sindicatos para protestar contra a reforma trabalhista do governo espanhol.

O descontentamento de uma parte da sociedade não impediu, no entanto, que as associações de vítimas realizassem os atos de homenagem previstos, enquanto a prefeitura da capital espanhola e o governo regional decidiram transferir as celebrações institucionais para segunda-feira.

A lembrança dos 191 mortos do maior atentado terrorista da história da Espanha, que deixou, além disso, cerca de 2 mil feridos nos trens da região de Madri, marcou este domingo na maioria das cidades do país, evidenciando também divergências entre as entidades civis que promovem a data.

Em Madri, mais uma vez, foram realizados os dois principais atos de homenagem, que teve os discursos da presidente da Associação 11M Vítimas do Terrorismo, Pilar Manjón, e da presidente da Associação de Vítimas do Terrorismo (AVT), Ángeles Pedraza.

Na estação de metrô de Atocha, epicentro dos atentados, Manjón, recebida por representantes sindicais, criticou a decisão do procurador-geral do Estado, Eduardo Torres Dulce, que no último dia 2 de março abriu uma investigação sobre os restos de um trem que supostamente explodiu naquele dia e que apareceram em um armazém ferroviário.

Pilar Manjón lembrou que se trata de coisa julgada, confirmada por três sentenças, e atribuiu a decisão de reabrir a investigação àqueles "que não assumem que os atentados foram cometidos por jihadistas".

No chamado "Bosque del Recuerdo", situado no parque madrilenho do Retiro, Ángeles Pedraza disse que "o 11 de Março é um caso aberto e agora mais do que nunca", e pediu a todos os que têm responsabilidades públicas que ajam "com determinação e coragem" para obter o esclarecimento total do pior atentado da história da Espanha.

A presidente da AVT assinalou que, "para dignificar as vítimas, é preciso fazer justiça" e "continuar investigando até o último ponto cada um dos atentados não resolvidos, desde o 11 de Março até os mais de 300 atentados da ETA".

A coincidência do aniversário com as manifestações convocadas pelos sindicatos espanhóis contra a reforma trabalhista também evidenciaram as divergências entre as associações.

Sobre isso, Pilar afirmou que ninguém vai utilizar as vítimas como pretexto para desqualificar os sindicatos. Para ela, as homenagens são compatíveis com a manifestação contra a reforma trabalhista.

"Não há nenhum antagonismo entre a homenagem às vítimas do 11 de Março e a manifestação dos sindicatos", ressaltou a ativista. "Dentro das liberdades deste país estão a liberdade de expressão, a de manifestação e a de lembrar as vítimas".

Por outro lado, Ángeles Pedraza disse que os organizadores do protesto sindical neste domingo "não têm coração, não têm alma e são indignos". Ela lamentou que os manifestantes tenham decidido "pisotear" o dia das vítimas do terrorismo.

"Tiveram oito anos para se manifestar por inúmeros motivos e nunca o fizeram. É uma vergonha que o façam hoje", ressaltou a presidente da AVT.

A Associação 11M Vítimas do Terrorismo prestou homenagem às vítimas na cidade de Alcalá de Henares, de onde partiram os trens atacados há oito anos, para evitar que este município leve "o estigma que dali saíram os assassinos com as bombas".

Também foram deixadas flores nas estações de trem de Santa Eugenia e El Pozo del Tío Raimundo, onde ocorreram os atentados em 2004, assim como em muitas outras cidades da Espanha.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]