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A reunião de cúpula da União Europeia terminou no domingo com a seguinte mensagem, literalmente: "Vejo vocês na quarta-feira". Foi exatamente com essa frase que o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, encerrou seu comunicado ao fim do encontro. Não houve acordo para salvamento da zona do euro e as decisões terão de ser obtidas na reunião marcada para amanhã. Mas, com questões importantes ainda em discussão, crescem os riscos de um plano capenga para a região.

Analistas acreditam que as autoridades irão anunciar algo, mas com pontos em aberto e sem todas as definições necessárias. É possível que as conversas se prolonguem até a cúpula do G-20, no início de novembro. Ações decisivas e convincentes deixam de ser consideradas, até porque o bloco não tem mesmo munição suficiente. "Certamente haverá acordo e algo será anunciado, mas a questão é saber se ele será amplo e se convencerá os mercados", disse Paul Donovan, economista do UBS. Para ele, as medidas não devem ser tão firmes como os investidores gostariam.

A percepção é de que as autoridades conseguirão definir o programa de recapitalização dos bancos – agora estimado entre 100 bilhões de euros e 110 bilhões de euros, acima da previsão inicial de cerca de 80 bilhões de euros. Deve ser apresentado um cronograma para que as instituições alcancem taxa de capital Tier 1 de 9% até junho do ano que vem.

Falta ainda chegar a uma conclusão sobre o tamanho do desconto a ser aplicado sobre a dívida da Grécia, mas o ponto mais controverso é a forma de fortalecer o mecanismo de resgate dos países em dificuldades, o Fundo de Estabilidade Financeira Europeia (EFSF, em inglês). "Acredito que haverá acordo pelo menos sobre a recapitalização dos bancos e provavelmente sobre a Grécia", afirmou Carsten Brzeski, analista do ING. Entretanto, ele se diz mais cético sobre as resoluções a respeito do mecanismo de resgate. "Mesmo que saia algum acerto na quarta-feira sobre a EFSF, há grande risco de que não seja uma grande e convincente bazuca", compara.

A França desistiu de tentar transformar o EFSF num banco e usar recursos do Banco Central Europeu, em razão da forte resistência da Alemanha. Analistas veem duas possibilidades sobre a mesa: o mecanismo de resgate pode assegurar parcialmente a emissão de bônus soberanos ou receber reforço por meio de uma sociedade de propósito específico, com apoio de investidores privados ou até mesmo do Fundo Monetário Internacional (FMI), outro ponto controverso.

Analistas já preveem que as discussões sobre a Europa devem prosseguir mesmo depois da cúpula de amanhã. Para o Lloyds Bank, não seria surpreendente se pelo menos um ponto das discussões da UE ficasse sem solução por enquanto. O estrategista-chefe do Deutsche Bank, Jim Reid, conta com um acordo entre as lideranças da União Europeia, mas também levanta dúvidas. "Pode ser que os ‘como’ e ‘quando’ só sejam respondidos depois, talvez perto da cúpula do G-20", afirma.

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