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A Agência do Trabalhador de Telêmaco Borba já chegou a ofertar 200 vagas num único dia, mas ainda sobram desempregados na cidade. As filas são diárias e mesmo quem tem experiência e vontade de trabalhar precisa de paciência.

Aos 51 anos, o pedreiro Antônio Donizete tirou sua carteira de trabalho da gaveta e saiu de Curiúva, cidade vizinha, certo de que colocaria um fim ao drama de seis meses sem renda fixa. No entanto, não recebeu previsão segura de quando poderá trabalhar e receber o tão esperado salário de R$ 800.

"A concorrência é muito grande. Quando o peão perde o emprego fixo, passa logo na loja de materiais de construção, compra uma colher, um prumo e um carretel de linha e sai dizendo que é pedreiro", reclama. Mesmo se conseguir emprego, não pretende mudar de vez para Telêmaco com a mulher e os três filhos adolescentes. "Vou alugar uma baiuca por um tempo, mas volto para Curiúva. Aqui o emprego é temporário."

Roberto Neves, de 31 anos, saiu de Araucária (Região Metropolitana de Curitiba) para buscar uma vaga a 250 quilômetros de casa. A experiência em almoxarifado é sua carta na manga. Há um ano e meio sem carteira assinada, iniciou o ano com mais esperança. "O forte das obras ainda não chegou. Vai faltar gente para trabalhar", confia. Ele vem aceitando também trabalhar por dia, para pagar aluguel e manter mulher e filho.

Os carpinteiros de primeira viagem Anselmo Pedroso dos Santos, 20, e Gleison Sales Almeida, 18, de Telêmaco Borba, já estão impacientes. Depois de perderem diversas vagas por falta de qualificação, resolveram fazer o curso de carpinteiro ofertado gratuitamente na cidade. Formados em 12 dias, agora penam pela falta de prática. "Eles exigem dois meses de experiência", lamenta Anselmo. "Carpinteiro aprende mesmo é trabalhando", alega Gleison.

Silvano Gomes de Oliveira, 23, que tem experiência no cultivo de mudas de pinus, também fez o curso de carpinteiro de 60 horas e concorre com Anselmo e Gleison. "Recebia só o salário mínimo e carpinteiro ganha R$ 600. Por isso quero mudar de profissão." Solteiro e sem filhos, trabalha como carregador de caminhões a R$ 25 por empreitada para pagar o aluguel de R$ 150,00. Enquanto não consegue emprego fixo, tenta impedir que os proprietários de sua casa reajustem o aluguel, que sobe a galopes na cidade, pela falta de lugar para os desempregados itinerantes que chegam até de madrugada, em ônibus comerciais.

O drama pode aumentar, prevê o prefeito de Telêmaco, Eros Danilo Araújo. "Se as pessoas entenderem de forma equivocada que há vagas para todos, teremos transtornos." Por outro lado, diz que a cidade se mantém receptiva. "Queremos que as pessoas venham, trabalhem, constituam família. Se todos ganharem alguns reais a mais, não teremos reclamantes", arremata.

O gerente da Agência do Trabalhador, Ricardo Arcanjo, que é também presidente da Associação Comercial de Telêmaco, diz que os números de 2006 mostram aumento na oferta de emprego, mas "não será possível atender a todos". Das 202 pessoas encaminhadas por mês pela agência, 182 conseguiram emprego, relata. Em 2005, a relação era de 168 encaminhamentos para 127 colocações.

Segundo Arcanjo, quase um terço dos novos empregados vem de outros estados e tem vínculo com empreiteiras contratadas pela Klabin. Pelas estatísticas que a Klabin repassou à Agência do Trabalhador, esse grupo é de 29%. Os moradores de Telêmaco conseguem 34,17% das vagas. Desempregados de outros municípios da região estão ficando com 14,18% e os paranaenses de cidades mais distantes, com 22,04%.

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