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Painéis solares na China: no Brasil, essa fonte de energia representa menos de 1% da capacidade de geração do sistema. Ideia é complementar geração hidrelétrica | China Daily
Painéis solares na China: no Brasil, essa fonte de energia representa menos de 1% da capacidade de geração do sistema. Ideia é complementar geração hidrelétrica| Foto: China Daily

Repercussão

Plano recebe elogios, mas impostos são criticados

Representantes de empresas alemãs demonstraram otimismo em relação aos planos brasileiros, apresentados ontem, mas também criticaram a pesada tributação em vigor no país. "O futuro da energia solar no Brasil é certo", disse Luiz Miguel Chapina, diretor da Gehrlicher, empresa alemã que produz componentes para geração solar. Para o vice-presidente da Q.Cells, Markus Vlasits, os projetos demonstram "a vontade do Brasil fazer as coisas acontecerem".

Um diretor da Transaex Group Berlim, por sua vez, criticou o regime tarifário brasileiro, que pode desestimular investimentos. "Aprecio as iniciativas e os projetos, mas não posso levar a sério que o país que representa uma oportunidade de entrada dos nossos produtos na América Latina torne os preços tão exagerados por conta de taxas", reclamou.

"No caso em que estamos liderando, no setor de biocombustíveis, o Brasil também enfrenta tarifas pesadíssimas aqui na Europa. É uma questão mais ampla, que envolve todo o comércio internacional", defendeu a conselheira-chefe do setor de energia da embaixada, Maria Fernandes Fontes Vieira.

  • Entenda como o processo de geração de energia solar pode ser implantado nas residências

O Brasil começa a dar os primeiros passos para inserir o sol em sua matriz energética. A implantação de dois "estádios solares" e a criação da primeira usina de geração fotovoltaica relevante no país, até o fim deste ano, devem funcionar como "incubadores" para atrair investimentos e incentivar a formação de uma indústria relacionada à energia verde.A ideia é usar a Copa de 2014 como vitrine para a energia solar, instalando painéis geradores na cobertura dos estádios do Mineirão, em Belo Horizonte, e Pituaçú, em Salvador – este último, no entanto, não faz parte do calendário do Mundial. A outra iniciativa parte da Eletrosul, subsidiária da Eletrobras, que pretende instalar painéis em sua sede, em Florianópolis, com capacidade de 1 megawatt (MW), criando assim a primeira usina em larga escala do gênero no país.

As iniciativas foram apresentadas ontem na embaixada brasileira em Berlim, na Alemanha, despertando o interesse de empresários e investidores do setor. Parte dos recursos será financiado a fundo perdido pelo banco de investimentos alemão KfW, equivalente ao BNDES no Brasil.

Os projetos, que do ponto de vista da geração são modestos – somados, terão capacidade de 2,4 MW –, devem consumir R$ 40 milhões em investimentos, produzindo energia o suficiente para alimentar apenas 1,3 mil residências. Isso deixa claro algo que nem mesmo os defensores mais ferrenhos desse tipo de tecnologia tentam esconder: apesar de limpa, a energia solar é cara se comparada a outras fontes disponíveis.

"Mas não estamos falando de apenas um megawatt, estamos tratando do futuro desse tipo de geração no país e a possibilidade de levá-la, a partir do Brasil, para todo o continente", defende Mauro Passos, presidente do Instituto Ideal, entidade que defende o desenvolvimento de energias alternativas.

Para tornar a geração solar economicamente viável, os especialistas apontam a necessidade de o governo brasileiro agir como indutor, realizando leilões exclusivos para a compra dessa energia, em um processo semelhante ao que possibilitou a introdução da fonte eólica no país, há alguns anos. Especula-se que até o fim do ano o Ministério de Minas e Energia anuncie tal medida.

"A partir do leilão, cria-se um mercado e a possibilidade de desenvolver uma indústria no país", defende o presidente da Eletrosul, Eurides Mescolotto. Segundo ele, a energia solar não é uma necessidade urgente, já que cerca de 80% da eletricidade do país vem das hidrelétricas, fonte limpa e renovável. "Mas pode ser um complemento a esse modelo. No Brasil temos a principal matéria prima o ano todo. Podemos ser o maior produtor mundial de energia solar", afirma.

O chefe para a América Latina do Ministério para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico da Alemanha (BMZ), Harald Klien, entende que o Brasil assumiu um protagonismo global, principalmente em questões relacionadas ao clima, e que a opção pela energia solar reforça essa posição. "A Alemanha voltou seus esforços de cooperação para o Brasil neste novo papel. Temos metas de cooperação bastante ambiciosas para o futuro, capaz de dar um grande impulso para o setor elétrico. Compete a nós, representantes dos dois governos, envolver o setor privado", ressalta.

O encarregado de negócios (embaixador-interino) da embaixada brasileira em Berlim, Roberto Colin, diz que a energia sempre foi um item importante na pauta das relações bilaterais. "Os alemães olham para o Brasil com interesse e eles têm muito a nos oferecer nessa área. A energia solar ainda parece algo distante para nós, mas é necessário começar."

O repórter viajou a convite da Eletrosul

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