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Os dados sobre o comércio entre Paraná e China mostram a diferença de vocação das duas economias. Enquanto o estado exporta principalmente commodities, os chineses vendem ar-condicionado, telas para microcomputadores e lâmpadas – os três produtos que lideraram as importações paranaenses da China no ano passado.

A diferença da dependência em cima de um único produto, porém, é gigantesca. A soja representa 75% de tudo que foi exportado para a China em 2010. Em contrapartida, os três produtos chineses no topo do ranking das importações somam, juntos, 9% de tudo o que o país asiático vendeu ao estado. Na direção Paraná-China, as commodities ou os artigos de baixo valor agregado dominam. Depois da soja, os produtos mais comercializados são açúcar e frango.

Para economistas, a sustentabilidade desse tipo de comércio – venda de commodities versus compra de industrializados – é tema de longo debate. De um lado estão os que acreditam que depender apenas na "fome" asiática por grãos e carnes pode resultar em problemas no futuro. O país ficaria sob o risco de um processo de desindustrialização e um espirro da economia chinesa teria impacto direto aqui. De outro estão os que veem a entrada de produtos baratos chineses como grande vantagem para os consumidores e um aliado do governo na tentativa de segurar a inflação.

O mesmo debate ocorre em nível mundial sobre a desvalorização do yuan. Enquanto uns argumentam que uma valorização da moeda chinesa daria mais competitividade à exportação dos países em desenvolvimento, que brigariam em condições de maior igualdade com preços semelhantes, outros argumentam que qualquer desaquecimento da economia da China teria consequências também no resto do mundo.

"A questão chinesa envolve uma decisão que o país precisa tomar sobre que rumo quer dar à sua economia", afirma Wel­­­lington Pereira, economista da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e analista do Banco Re­­­gional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). "É verdade que para o consumidor pensa no que está pesando no bolso, mas como ficarão os empregos desses consumidores no longo prazo?", questiona ele, ao comentar um possível processo de industrialização caso a concorrência chinesa continue a ganhar espaço na economia do país.

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