Os estivadores do Porto da Ponta do Félix, em Antonina, no litoral paranaense, iniciaram uma operação padrão na tarde desta quarta-feira (23). Os trabalhadores reivindicam um aumento no valor das taxas cobradas por mercadorias embarcadas nos navios. Eles também reclamam que a administração do porto iniciou uma série de represálias contra os funcionários.

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Um navio frigorífico está atracado para o embarque de produtos, nesta quarta. O trabalho que iria durar entre 2 e 3 dias, com a operação padrão, deve levar uma semana. "Estamos com dois anos de defasagem nas taxas", afirmou André Luiz de Oliveira, que integra a comissão de negociação dos estivadores. "O trabalho está bem lento. Estamos embarcando uma média de seis paletes de madeira por hora. Normalmente colocamos entre 150 e 200 toneladas", explicou.

Oliveira afirma que os estivadores há dois anos estão tentando negociar com o porto, mas não houve nenhum avanço. Ao todo são 170 no quadro estivadores. "Queremos um reajuste nas taxas que cobramos por produto embarcado. Cada tipo de mercadoria tem um preço", disse.

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O estivador afirmou que o porto ofereceu 5% de aumento das taxas, mas a categoria quer aproximadamente 15%. "Querem nos impor, colocar a equipe deles para trabalhar, sem vínculo com o sindicato, para baratear os custos", definiu. Outro ponto questionado pelos trabalhadores é o regime de horas trabalhadas. "Temos um acordo homologado no Ministério Público do Trabalho para trabalhar 6h e folgar 6h. Por represália, o porto voltou a exigir que o trabalho seja de 6h para 11h de folga", disse.

De acordo com o diretor presidente do porto, Luiz Henrique Tessutti Dividino, no entanto, a história é um pouco diferente. "Fizemos três propostas, que foram protocoladas no Ministério Público do Trabalho, e a comissão de negociação assinou e acatou. Mas quando chegou na categoria eles não aceitaram", explicou.

Segundo Dividino, o sindicato dos estivadores está dividido em Antonina, por isso a negociação não avança. "Quanto as horas, os trabalhadores que trabalhavam 6h e folgavam outras 6h começaram a entrar na Justiça, pedindo o pagamento de horas extras. Isso resultou em cerca de 200 ações trabalhistas contra o porto. Dessa forma gerou um passivo e agora resolvemos dar um basta nisso", disse.

O diretor presidente tem convicção que a operação padrão é por causa da folga das 11h e não pelo reajuste das taxas. Na semana passada a administração do porto avisou os estivadores sobre a mudança. "Gostaríamos de dar um reajuste acima do INPC, mas hoje a competição portuária é muito acirrada. O cliente vai onde tem o melhor preço. Temos um terminal que embarca dois navios por mês. Precisamos seguir a lei, senão vamos ser condenados pelo Ministério Público", definiu.

A operação padrão vai continuar até que aconteça alguma negociação entre o porto e os estivadores. A administração adiantou que não tem como fazer uma nova proposta e aguarda o bom senso dos estivadores para acabar com o protesto.

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