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Preço médio do etanol passou de R$ 1,722 para R$ 1,959 | Henry Milleo/ Gazeta do Povo
Preço médio do etanol passou de R$ 1,722 para R$ 1,959| Foto: Henry Milleo/ Gazeta do Povo

Impostos

Gasolina "formulada" pressionou mercado, diz Sindicombustíveis

A gasolina "formulada" – fabricada a partir da mistura de solvente e resíduos da destilação petroquímica – ajudou a manter os preços artificialmente baixos nos últimos meses, segundo o Sindicombustíveis-PR. Produzida fora das refinarias da Petrobras, essa "gasolina de laboratório" atende às especificações da ANP, mas paga menos imposto que a gasolina convencional.

"Os hidrocarbonetos que compõem a gasolina formulada pagam menos impostos, em seu conjunto, que a gasolina refina­da. Hoje o custo da gasolina convencional para o posto é de R$ 2,54 por litro, enquanto a formulada chega por R$ 2,30", diz Roberto Fregonese, presidente do sindicato patronal.

Segundo ele, o mercado curiti­bano recebe cerca de 20 milhões de litros mensais de gasolina formulada, produzida em São Paulo. O volume corresponde a 13% das vendas totais de gasolina na cidade, que somam aproximadamente 156 milhões de litros. "O produto formulado ajudou a alimentar a guerra de preços", diz Fregonese.

Diferenças

Embora não seja ilegal, a gasolina formulada é menos densa e mais volátil que a convencional. Portanto, rende menos no motor. O aspecto também é diferente: enquanto a gasolina comum é amarela, a formulada é alaranjada, e tem cheiro mais forte.

Não há norma que obrigue o posto a informar que tipo de gasolina está vendendo. Para saber, o consumidor tem de perguntar ao frentista ou ao dono do estabelecimento.

R$ 2,864 por litro era o preço médio da gasolina nos postos consultados ontem pela Gazeta do Povo. Na semana passada, os mesmos estabelecimentos cobravam em média R$ 2,624 por litro.

Depois de quatro meses de calmaria, os preços dos combustíveis subiram cerca de 10% de uma só vez em Curitiba. O litro da gasolina aumentou até 36 centavos e o do álcool, até 29 centavos, segundo levantamento informal feito pela Gazeta do Povo com postos de dez bairros da cidade.

INFOGRÁFICO: Acompanhe a variação no preço dos combustíveis em Curitiba

Em meados da semana passada, os estabelecimentos consultados cobravam em média R$ 2,624 por litro de gasolina, segundo a última pesquisa da ANP, a agência reguladora do setor. Ontem, o preço médio nesses mesmos postos era de R$ 2,864, o que corresponde a uma alta de 24 centavos, ou 9%. Nesse mesmo intervalo, o litro do etanol ficou em média 19 centavos mais caro, ou 11%. Passou de R$ 1,772 para R$ 1,959.

O forte e repentino reajuste lembra movimento muito semelhante ocorrido quase um ano atrás. No fim de outubro de 2012, às vésperas do feriado de Finados, gasolina e etanol chegaram a subir 50 e 20 centavos, respectivamente. A explicação dos postos para os aumentos – o dos últimos dias e o do ano passado – é igual: o fim de uma "guerra de preços" entre as distribuidoras de combustíveis.

"Há uns quatro meses, as companhias de petróleo começaram uma briga entre elas, para fazer market share [fatia de mercado]. E jogaram os preços para baixo, inclusive abaixo de custo em algumas situações. Sabíamos que, no momento em que alguma dessas companhias retirasse esse desconto, os preços voltariam ao patamar anterior", diz Roberto Fregonese, presidente do sindicato. "Na época em que as companhias derrubaram os preços, o Sindicombustíveis reportou isso de forma clara à área de defesa do consumidor do Ministério Público, para que não houvesse reclamação quando os preços voltassem ao normal."

Para o empresário, o avanço dos preços do álcool está ligado à proximidade da entressafra de cana-de-açúcar. Os preços nas usinas produtoras têm subido lentamente nos últimos meses. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP), nas últimas quatro semanas a cotação na indústria paulista – responsável por mais da metade da produção nacional – aumentou cerca de 2%. Desde o fim de maio, quando os preços na usina atingiram o patamar mais baixo do ano, a alta acumulada é de 8%.

Greve

Embora não seja apontada como responsável pelo reajuste dos últimos dias, a greve dos petroleiros – que afeta a produção e o transporte de derivados de petróleo – preocupa o setor, segundo Fregonese. "Os estoques atuais, na refinaria e nas bases das distribuidoras, não causam nenhum susto neste primeiro momento, não representam uma ameaça nesta semana. Mas a greve é algo que nos preocupa. Se ela persistir, pode provocar em algum momento uma corrida aos postos."

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