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Christine Lagarde, diretora do FMI: “economia ficaria melhor com uma elevação no início de 2016.” | Ueslei Marcelino/Reuters
Christine Lagarde, diretora do FMI: “economia ficaria melhor com uma elevação no início de 2016.”| Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

O Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) deve esperar até 2016 para elevar a taxa básica de juros norte-americana, de acordo com o (Fundo Monetário Internacional (FMI). “A economia ficaria melhor com uma elevação no início de 2016”, afirmou a diretora-gerente do Fundo, Christine Lagarde, em entrevista coletiva nesta quinta-feira (4), em Washington.

Em relatório sobre a economia do país, o Fundo afirma que a autoridade monetária americana deve adiar a primeira alta na taxa até que haja mais sinais de elevação na inflação de preços ou na renda. “Tomando como base a previsão macroeconômica do Fundo, e desconsiderando surpresas positivas no crescimento e na inflação, isso colocaria a alta no primeiro semestre de 2016”, diz o documento.

A última vez que o Fed subiu os juros foi em 2006. Nos dois anos seguintes, a entidade levou os juros de 5,25% para o patamar atual (de 0% a 0,25%), em uma tentativa inicialmente de impedir uma desaceleração forte do maior PIB global e, a partir de 2008, para revitalizar a economia após a maior crise desde a Grande Depressão.

A avaliação do FMI contradiz as expectativas do mercado, que espera que a elevação ocorra em setembro, e da própria presidente do Fed, Janet Yellen. Em entrevista no fim de maio, ela afirmou que a autoridade monetária espera elevar os juros neste ano, uma vez que a economia americana caminha para se recuperar dos resultados fracos do primeiro trimestre.

O Fundo ainda revisou suas projeções para o crescimento do PIB americano neste ano, de 3,1% para 2,5%. A mudança na estimativa é consequência do resultado negativo da economia no primeiro trimestre: houve retração de 0,7% (os dados ainda serão revisados, no fim de junho).

“O impulso da economia dos Estados Unidos no primeiro trimestre foi prejudicado pelas condições climáticas desfavoráveis, uma forte contração no investimento no setor de petróleo, uma greve nos portos na Costa Oeste e os efeitos da valorização do dólar”, afirma o relatório.

A expectativa do Fundo, no entanto, é que as condições melhorem no restante do ano, favorecidas por um “mercado de trabalho sólido, condições financeiras acomodatícias, e os preços mais baixos do petróleo.”

Para 2016, a previsão é de crescimento de 3% –no ano passado, o PIB dos EUA registrou expansão de 2,4%.

Riscos

O FMI alertou ainda para os riscos de uma alta dos juros americanos, ainda que “cuidadosamente preparada”, para os mercados internacionais.

“Independentemente do momento, juros mais altos nos EUA ainda podem resultar em reequilíbrios significativos e abruptos de portfólios internacionais, com consequências para a estabilidade financeira e para a volatilidade dos mercados que vão muito além das fronteiras americanas”, diz o Fundo.

Uma alta do juro americano deixaria os títulos do Tesouro dos EUA, que são remunerados por essa taxa e considerados de baixíssimo risco, mais atraentes do que aplicações em mercados emergentes (que têm juros mais altos, mas são consideradas mais arriscadas), provocando uma saída de recursos dessas economias. A menor oferta de dólares tenderia a pressionar a cotação da moeda americana para cima em mercados emergentes -no Brasil, inclusive.

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