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A economia dos Estados Unidos, que vinha apresentando sinais de desaceleração desde o início do ano e "assombrando" o mercado financeiro com a possibilidade de uma crise, deu nesta semana vários sinais de que está indo melhor do que se supunha: os dados de emprego, produção e inflação mostraram números saudáveis, o que é uma boa notícia para o Brasil.

Para monitorar o desempenho da maior economia do mundo, a inflação é o indicador que os analistas de mercado brasileiros acompanham mais de perto. Se os preços norte-americanos saírem de controle, o país pode aumentar os juros oficiais - que está em 5,25% ao ano - e atrair mais investidores internacionais para os papéis da sua dívida, considerados o investimento mais seguro do mundo. Isso tiraria investidores do mercado brasileiro.

É uma troca simples: se os títulos americanos renderem mais, diminuem as razões para os investidores se arriscarem em mercados mais incertos de países emergentes, como o Brasil. "A inflação norte-americana é o ponto central", explica o analista Francisco Carvalho, da Corretora Liquidez. Segundo ele, tanto para o mercado financeiro quanto para a economia real é bom que o juro americano continue como está: "Assim, não aumenta a procura pelos treasuries e os EUA não deixam de importar mercadorias. Pelo menos no curto prazo, a tendência é de manutenção." 'Espirro'Qualquer "espirro" na economia americana reflete nos mercados mundiais. Nesta semana, a notícia de que os títulos do tesouro americano chegaram ao rendimento mais alto dos últimos cinco anos (5,33%) por causa do receio de mudanças na taxa oficial de juros americana afetou negativamente o mercado financeiro. Como resultado, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) perdeu 1,85% na última terça-feira (12).

Entretanto, bastou a tendência se reverter para o mercado acionário brasileiro acumular alta de 5,16% nos próximos três pregões e chegar ao patamar recorde de 54.519 pontos. O dólar acompanhou o movimento: depois de subir mais de 3% uma semana antes, fechou na sexta-feira na casa de R$ 1,91, com desvalorização acumulada de 2,54% em cinco dias.

Com os papéis do Brasil atraentes - já que o país ainda tem o maior juro real do mundo -, o dólar fica mais barato e a inflação interna mais comportada, explica o economista Antônio Madeira, da MCM Consultores. "O fortalecimento do real ante o dólar ajuda a manter a inflação interna baixa", ressalta. Exportações e dólaresOutro setor que vai bem quando a economia dos EUA está saudável é o das exportações: segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, o Brasil exportou US$ 12,4 bilhões para os EUA em abril. O déficit comercial do país com o Brasil foi de US$ 333 milhões em abril.

No ano passado, a balança comercial brasileira foi positiva em US$ 9,74 bilhões. Os produtos que o Brasil mais vendeu para os EUA foram: petróleo, ferro fundido, álcool combustível, aviões, ouro em barras, calçados, couros e café.

Por conta da balança comercial positiva e do risco-país baixo (pouco acima da mínima histórica de 140 pontos), que atraem investidores, o Brasil deve registrar a maior entrada de dólares dos últimos seis anos. O fluxo de capital estrangeiro privado no Brasil devem 118% e chegar a US$ 28,7 bilhões em 2007, maior valor desde 2001, segundo previsão do Institute of International Finance (IIF), uma espécie de Febraban mundial.

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