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O Departamento de Energia dos Estados Unidos tem planos ambiciosos para o futuro do etanol. A idéia é que, em apenas uma década, o biocombustível substitua a gasolina no abastecimento de um em cada cinco automóveis da frota americana - incluindo aí carros de passei e veículos de cargas leves.

Para que essa monumental transformação de 20% da frota ocorra até o prazo estipulado de 2017, o desenvolvimento das tecnologias necessárias já está relativamente avançado - embora sua implementação ainda esteja apenas começando a ser testada e sua competitividade comercial ainda precise ser comprovada.

Esse foi o quadro pintado por Helena Chum, brasileira que trabalha no Laboratório Nacional de Energias Renováveis, no estado do Colorado (EUA). Ela apresentou os detalhes do plano ianque durante o Ethanol Summit 2007, grande evento sobre o futuro do biocombustível que está sendo realizado nesta segunda (4) e terça-feira em São Paulo.

A ênfase do trabalho nos Estados Unidos é o desenvolvimento de técnicas capazes de obter etanol diretamente a partir da celulose - molécula complexa que dá rigidez à parede celular das plantas. Isso porque nos EUA o biocombustível é hoje obtido a partir de grãos de milho, numa operação de rendimento relativamente baixo (embora Chum tenha destacado a melhoria desse processo ao longo dos anos).

Caso os cientistas desenvolvam métodos eficazes de processar diretamente a celulose - que pode ser obtida nas partes estruturais das plantas, como as folhas -, será possível obter muito mais etanol com a mesma plantação. "Com essa rota bioquímica, poderíamos saltar do processamento do grão do milho para o do resto da planta", diz.

Seis usinas experimentais americanas já estão trabalhando nesse processamento da celulose, mas o custo ainda é muito superior ao da produção que usa o grão de milho para a obtenção do etanol (que, por sua vez, é muito mais cara do que a produção com cana-de-açúcar, como é feita no Brasil). Espera-se que a experiência leve à viabilidade comercial. "Temos até 2012 para ter algo demonstrado."

Se o sucesso for obtido, as metas se tornam ainda mais grandiosas para depois de 2017. "Até 2030, queremos substituir 30% da gasolina usada em automóveis", afirma Chum.

Caso brasileiro

Embora o processamento usual da cana-de-açúcar já seja hoje a forma mais eficiente de produzir etanol, o Brasil tem muito interesse no desenvolvimento de uma rota que permita o processamento da celulose. Para Elba Bom, pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro que coordena o lado científico da Rede Bioetanol, projeto do Ministério da Ciência e Tecnologia, as possibilidades abertas pelo processamento da celulose permitirão melhorar ainda mais a exploração dos recursos canavieiros.

Entretanto, a cientista enfatiza a necessidade de não tentar reinventar a roda. "Temos um plano bastante conservador, que tem por objetivo utilizar a infra-estrutura já instalada para a obtenção do etanol pelas vias atuais."

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