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“O que eu tenho a dizer sobre o euro é muito simples: estaremos lá para fazer o que for preciso para defender o euro. O euro é a Europa. Fui claro nesse assunto?” Nicolas Sarkozy, presidente da França e representante da Europa em Davos | Christian Hartmann/Reuters
“O que eu tenho a dizer sobre o euro é muito simples: estaremos lá para fazer o que for preciso para defender o euro. O euro é a Europa. Fui claro nesse assunto?” Nicolas Sarkozy, presidente da França e representante da Europa em Davos| Foto: Christian Hartmann/Reuters

Empréstimo

Grécia pede alongamento no prazo

O primeiro-ministro grego, George Papandreou, pediu um alongamento nos prazos de vencimento dos empréstimos de resgate oferecidos ao país. Pare ele, esse é um caminho para conquistar maior confiança dos mercados no processo de recuperação da crise.

Papandreou apresentou a proposta em resposta ao mediador do debate sobre a crise na zona do euro no Fórum Econômico Mundial ontem. Outra medida que poderia trazer confiança, segundo ele, seria a criação dos títulos europeus. "Temos um mapa muito claro para sair do problema da dívida. Estamos fazendo o necessário. As mudanças são dolorosas", afirmou. Panpandreou disse que a Grécia pode voltar aos mercados de capital ainda neste ano depois de aprofundar as medidas de austeridade para a recuperação.

O debate sobre confiança voltou à apresentação nas vozes dos outros participantes. O presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, reforçou que entende o aperto fiscal como caminho mais importante para reconquistar a confiança e o crescimento dos países da zona do euro.

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Explosão atinge hotel

Ativistas de esquerda assumiram a responsabilidade por uma pequena explosão num hotel de luxo em Davos, perto de onde executivos e líderes mundiais estão reunidos. Janelas do estabelecimento quebraram, mas ninguém ficou ferido. O CEO da divisão de Mercados da Thomson Reuters, Devin Wenig, participava de um café da manhã com executivos no mesmo hotel no momento da explosão, às 9 h (6 h em Brasília). "Houve um barulho enorme. O teto inteiro se rompeu. Todos estavam convencidos de que se tratava de uma bomba", afirmou ele.

Fórum busca promover o capitalismo davos, suíça

A crise financeira global deixou feridas na imagem do capitalismo e, principalmente, no modus operandi do sistema financeiro internacional. Ao reunir a chamada elite dos negócios, o Fórum Econômico Mundial aproveita as oportunidades para tentar melhorar a percepção da sociedade sobre o mundo de Davos.

Executivos dão explicações, buscam repensar a forma de atuação e também partem para a defesa de suas operações. Demonizados após a turbulência trazida pelo colapso do Lehman Brothers, os banqueiros começam a sair da defensiva e partem para o contra-ataque.

A principal iniciativa veio ontem do presidente do JP Morgan, James Dimon. De forma firme, ele afirmou que é "improdutivo e injusto" classificar todos os bancos como instituições que agem de forma irresponsável. "Fazemos o melhor que podemos todos os dias."

Deu exemplos: o JP Morgan está sendo cauteloso com a questão da crise na Europa e decidiu não tirar os investimentos de lá de forma abrupta, pois diversas empresas europeias são clientes do banco, o que precisa ser considerado. Outro: o JP Morgan ajudou a estabilizar o sistema ao comprar o Bear Stearns no olho do furacão.

Reforma

Também disse que não é contra a reforma do setor financeiro elaborada pelo governos dos EUA. "Quero apenas que seja algo racional, isso é tudo", afirmou, ao defender o direito de os bancos fazerem lobby para assegurar suas posições.

Repensar a forma de atuação tem sido um tema abordado em Davos. Uma crítica constante é a urgência de lucros de curto prazo, sem preocupação mais estratégica. "Precisamos de um capitalismo de longo prazo, nos conselhos de administração, na visão de fazer negócios", disse Dominic Barton, diretor da consultoria McKinsey "Com a mentalidade de curto prazo, veremos mais crises."

Conforme Maurice Lévy, presidente do Publicis Groupe, a crise deixou a impressão de que as empresas agem movidas somente por ganância, sacrificando os trabalhadores para gerar mais lucros e agradar os acionistas. "Se não mudarmos isso, teremos muitas consequências negativas."

Agência Estado

A Europa não está disposta a abandonar o euro e não vai deixar isso acontecer. Foi essa a mensagem que o presidente francês, Nikolas Sarkozy, reforçou em painel no Fórum Econômico Mundial, em Davos, ontem.

"O que eu tenho a dizer sobre o euro é muito simples: estaremos lá para fazer o que for preciso para defender o euro. O euro é a Europa. Fui claro nesse assunto?", afirmou na apresentação.

No painel sobre o G-20, o presidente francês, que representa o bloco, citou o histórico de guerras do continente para indicar que "aqueles que imaginaram que a Europa poderia abandonar a moeda comum não conhecem o estado de espírito europeu".

O futuro do euro foi colocado em questão depois de uma piora na situação econômica da zona do euro puxada pela crise da dívida em países do bloco, como Grécia e Irlanda.

O desafio dos países europeus em relação ao euro foi tema de um outro encontro ontem no Fórum. O presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, tee ao seu lado o economista Nouriel Roubini, um dos poucos a prever a crise de 2008, para discutir as questões sobre a moeda e a crise europeia.

Respondendo a um representante de banco na plateia, Sarkozy defendeu que o maior desafio do G-20 será implementar as regras para o mercado financeiro. Ele se mostrou contra o "excesso de regulação", mas reforçou que nenhuma instituição pode atuar sem seguir normas.

Bancos e instituições financeiras reclamam que um excesso de regulação poderia forçar uma atuação no "shadow banking system" (sistemas bancário na sombra, na tradução literal). Esse nome foi dado a instituições que atuam no mercado financeiro e de crédito sem terem de se submeter à regulação de bancos, como bancos de investimento independentes e bancos regionais de crédito hipotecário.

"Tudo estava indo bem, e um dia tudo veio à baixo. Um grande banco americano faliu. O mundo ficou perplexo. O que todo mundo achou que fosse impossível estava acontecendo. Deixou milhões de desempregados que não tinham nada a ver com isso", disse. "Não pode haver mercados sem um mínimo de regras. Vamos perseguir que as medidas que fechamos sejam implementados. Eu estou chamando atenção para áreas que deveriam ter regulação há tempos."

Commodities

Ao falar da alta dos preços em commodities, a palavra do discurso também foi regulação. Sarkozy atribuiu parte da pressão de preços a uma falta de transparência e de normas nesse mercado. "Por que a gente tem que ter regulação no mercado financeiro e não no mercado de commodities. Deixe ter regulação, é tudo o que a França está pedido. E que ninguém possa ferir a lei básica de oferta e demanda", afirmou.

OMC faz força-tarefa por Rodada Doha

O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, quer reunir ministros de comércio em Davos, na Suíça, onde acontece até domingo a 41ª edição do Fórum Econômico Mundial, para firmarem o compromisso de um novo acordo de comércio global.

Lamy afirmou que tentará convencer os representantes de cerca de 25 países a anunciar o apoio para completar as conversas da Rodada Doha que se desenrolam há dez anos. O diretor acredita que um acordo sobre as principais questões pode ser alcançado antes da Páscoa, abrindo caminho para finalizar a Rodada Doha ainda neste ano.

Guerra cambial

Para Lamy, a chamada guerra cambial ainda não afetou o comércio, mas há risco de que as medidas aumentem pressões protecionistas. Ainda assim, ele acredita que a disputa de moedas continuará.

O termo guerra cambial foi cunhado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, no ano passado para expressar o movimento de desvalorização mundial de moedas nos países como forma de ganhar competitividade no comércio mundial. "Até o momento, as tensões não afetaram o comércio. Mas o risco existe", afirmou Lamy. Mantega alertou neste ano que a disputa está se transformando em uma guerra comercial. O ministro indicou que entrará com recurso na OMC contra os países que adotam a prática. JP Morgan

Falência

O presidente do banco americano JP Morgan Chase, James Dimon, indicou que cidades norte-americanas podem estar perto de pedir falência. Em um painel do Fórum sobre medidas de prevenção para evitar novas crises, o executivo disse que apesar disso não há risco sistêmico para o país. "Existem 14 mil cidades e a gente infelizmente vai ver algumas quebrarem", disse. Para ele, os estados estão em melhores condições para combater suas dificuldades financeiras e não devem enfrentar problemas.

"Está aí, é uma preocupação, vai ser preciso consertar. Mas não acho que impedirá o crescimento em 2011 ou 2012. É apenas um fator negativo atingindo o sistema norte-americano", afirmou.

Dimon aproveitou o encontro para defender os bancos. Chegou a dizer que estava cansado de ouvir o refrão "banqueiros, banqueiros, banqueiros". "Tentamos fazer o melhor que conseguimos todos os dias".

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