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O ex-ministro do Desenvolvi­mento, Indústria e Comércio Exterior e atual membro do Conselho de Administração da Brasil Foods Luiz Fernando Furlan disse ontem estar preocupado com o risco de uma recaída protecionista do Brasil. Ele fez esta observação ao ser questionado sobre a insistência do governo brasileiro em manter, no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), o debate sobre o ajuste de políticas comerciais à variação cambial para evitar prejuízos ao setor produtivo.

O Brasil "quer ter o direito reconhecido de elevar tarifas de importação ou implementar barreiras todas as vezes que uma valorização excessiva do câmbio afetar a entrada de produtos no país e prejudicar a indústria nacional", segundo o embaixador brasileiro na OMC, Roberto Azevedo. "Eu acho que algumas medidas são importantes, mas tenho uma preocupação com uma recaída protecionista do Brasil", disse Furlan.

"Estamos usando algumas desculpas protecionistas para justificar nossa deficiência em tomar medidas que desonerem a produção e aumentem a competitividade. Colocaria toda a minha energia em uma agenda de competitividade, melhorando a infraestrutura, simplificando a burocracia, desonerando e tratando do custo do dinheiro para a produção, que não pode ser comparado com o custo do dinheiro para consumo. Essas coisas são fundamentais", sugeriu.

IPI

Um exemplo dado por Furlan como sendo de cunho protecionista foi o aumento de 30 pontos porcentuais na alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros importados. A medida foi adotada pelo governo federal em meados de setembro. "É uma medida heterodoxa, não se sustenta na OMC e o governo sabe disso", afirmou. "Foi uma medida meio padrão argentino, que ameaça com tributação se a empresa não investir no país. Até tem dado certo [algumas montadoras estão anunciando investimentos no Brasil], mas esta é uma cantilena perigosa. Você toma uma medida heterodoxa, ela produz um resultado e você acha que isso é legal. Mas o protecionismo não é caminho de desenvolvimento de um país do porte do Brasil", criticou.

O ex-ministro lembra que, quando foi convidado a assumir o Ministério do Desenvolvimento, em 2002, uma das primeiras perguntas que fez a Lula foi se ele teria uma política protecionista ou apoiaria uma política de expansão das exportações e de conquista de mercados. "Eu disse: ‘Olha, presidente, se o senhor acha que tem de ter uma política protecionista eu não sou a pessoa certa’", afirmou.

Para o ex-ministro, hoje à frente de um dos maiores grupos industriais e exportadores do país, o Brasil deve ser um "atacante", ou seja, tem de conquistar mercado, identificar as oportunidades e buscar resultados, "sem jogar na retranca".

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