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Empresas que trabalham com processamento de soja lidam com três fatores que, se não forem tratados com todo o cuidado, podem levar suas finanças ao colapso: a sazonalidade da produção (a colheita da safra e a compra da produção se concentram no primeiro semestre), a variação do dólar e a oscilação do preço do grão e de seus derivados, como o óleo e o farelo, no mercado internacional. Foi a habilidade em proteger sua empresa dessas variáveis que rendeu ao diretor financeiro da Imcopa, Luiz Antônio Cavet, o Troféu O Equilibrista 2006, concedido pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef-PR). Cavet recebe o prêmio hoje, às 20 horas, no Salão Verde do Clube Curitibano. Outros dois executivos são os destaques desta 21.ª edição do prêmio: Fernando Magalhães Modé (O Boticário) e Afrânio Chueire (Controller).

"A Imcopa precisa se proteger da volatilidade de preços de sua matéria-prima [soja] e do produto final [óleo e farelo]. Como o Cavet trabalhou em bancos por muito tempo, administrou facilmente essa situação", diz o vice-presidente de finanças do Ibef-PR, Luiz Afonso Cerqueira. Formado em administração de empresas pela Fundação de Estudos Sociais do Paraná (Fesp), Cavet iniciou sua carreira no extinto Banco Bamerindus, na década de 80, como escriturário. Em pouco tempo já estava na área de tesouraria do banco, onde ficou até 2004, quando a instituição já pertencia ao HSBC. Em seguida, passou um curto período de tempo no Banco Votorantim, e há dois anos está na Imcopa.

Para Cerqueira, Cavet foi escolhido pelos 350 associados do Ibef-PR por dois motivos: foi o responsável pela reestruturação da dívida da Imcopa – que passou de curto para longo prazo – e está envolvido em projetos de governança corporativa, para profissionalizar a gestão da empresa. Um dos feitos mais importantes de Cavet à frente da diretoria financeira da Imcopa foi a emissão, há alguns meses, de US$ 100 milhões em eurobônus. São títulos vendidos no mercado internacional, que os compradores vão resgatar em três anos, recebendo juros de 10,37% ao ano. O valor captado pela Imcopa representa 30% de sua necessidade de capital – os demais 70% estão distribuídos em diversas modalidades de crédito bancário, que têm prazo de pagamento mais curto.

Cavet explica que, além de alongar o pagamento da dívida – o que reduz a vulnerabilidade da empresa a crises nacionais ou internacionais –, a emissão serviu para a Imcopa pôr à prova seu projeto de governança corporativa. "O fato de a gente emitir um eurobônus é o primeiro passo do aprendizado para a abertura de capital [oferta de ações em bolsa de valores]." A empresa tem planos de entrar na Bovespa, mas somente dentro de quatro ou cinco anos.

Criada em 1967, a Imcopa tem unidades industriais em Ponta Grossa (Campos Gerais) e em Araucária (região metropolitana de Curitiba), onde fica a sede. Compra aproximadamente 2 milhões de toneladas de soja por ano (cerca de 20% de toda a colheita paranaense), e todo esse volume é processado e vendido na forma de óleo ou farelo, principalmente para o mercado europeu. A Imcopa deve fechar o ano com faturamento entre US$ 650 milhões e US$ 700 milhões, com crescimento de até 7,7% sobre 2005. A grande diferença da companhia paranaense para as multinacionais do setor está no produto: a Imcopa esmaga apenas soja não-transgênica, produz farelo com alto teor de proteína e recebeu certificados internacionais de qualidade que lhe garantem preço mais alto na hora de vender para o mercado externo, destino de 90% de tudo que produz.

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