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Curitiba – O setor produtivo brasileiro encara todos os dias as dificuldades de escoar a produção por uma estrutura deficiente. A empresa Wilson, Sons é uma das especialistas em contornar esses obstáculos – que parecem acompanhar a história da companhia de logística fundada há 168 anos no Rio de Janeiro. Para o diretor de Logística da Wilson, Sérgio Garcia, só o investimento público pesado em infra-estrutura seria capaz de solucionar gargalos como estradas mal conservadas e portos apertados. Garcia participou ontem em Curitiba de um evento promovido pela empresa para clientes da região e falou sobre sua visão a respeito da área.

Gazeta do Povo – Os empresários sempre colocam a logística como um fator que pesa muito na composição do custo-Brasil. Essa visão traduz a realidade?

Sérgio Garcia Não há dúvida de que a questão da infra-estrutura logística é um fator determinante no custo-Brasil. Não é possível atingir metas de crescimento de longo prazo sem se fazer investimentos pesados em infra-estrutura. Vários países que têm tamanho parecido e concorrem com o Brasil, como Estados Unidos, Canadá e China, têm infra-estrutura muito mais bem montada. Temos problemas de manutenção de estradas e nossa capacidade férrea é muito limitada e concentrada. A área portuária está perto do limite em diversos lugares do Brasil. É um investimento que o governo precisa fazer, ele não pode ser assumido pela iniciativa privada.

O projeto das parcerias público-privadas (PPPs) ajuda a resolver esses problemas?

De alguma forma o governo tem que entrar nesse processo. As PPPs no curto prazo podem ser uma solução, mas estão demorando.

Como está a situação dos portos no país?

Posso fazer uma análise focando no trânsito de contêineres, que é o nosso principal negócio. Dos portos com potencial de concentrar cargas no Brasil, temos Suape (PE) com bastante potencial de crescimento, Santos, que já concentra muito volume, e Sepetiba (RJ) também com grande potencial, embora com a necessidade de investimentos para ampliação. O de Rio Grande (RS) está sendo ampliado, com muito investimento. Paranaguá ainda tem como absorver um bom crescimento. Entre os de menor porte, os de Santa Catarina, como Itajaí, estão no limite.

O modelo de administração portuária funciona mal?

O processo de privatização dos portos permitiu que os modelos de concessão fossem distintos. Alguns foram mais bem-sucedidos. Onde a autoridade portuária enxerga o concessionário como parte do porto e um parceiro no desenvolvimento econômico da região, funciona melhor. Só que não há um padrão que se possa classificar como um modelo e por isso há muita incerteza até hoje sobre algumas concessões, sobre o que pode ou não. Talvez por isso demorou para aparecerem investidores internacionais interessados nos portos brasileiros.

Como está o uso da multimodalidade (sistema logístico que combina modais diferentes, como trens e caminhões, por exemplo) no Brasil?

Com o aumento da cabotagem e do tráfego em ferrovias praticamente se torna uma obrigação o transporte intermodal, porque se exige também um trecho rodoviário. Mas há muitas restrições ainda, dificuldades legais que às vezes impedem que operações sejam feitas. No Brasil é exigido um documento para transporte em cada modal, não há produtos de seguro estruturados para isso e há problemas tributários.

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