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Reta final

Pesquisa termina em 10 dias

Em 80 municípios do Paraná o Censo Agropecuário 2007 já foi encerrado. Nas demais localidades a sondagem está na fase final. Os 3,5 mil recenseadores ainda em campo repassam ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) diariamente entre 5 e 6 mil questionários, ou seja, dados de mais de 5 mil estabelecimentos agropecuários.

A pesquisa deve ser encerrada em dez dias, segundo o coordenador estadual do censo, Jorge Mryczka. O cronograma oficial previa que o trabalho fosse encerrado na última terça-feira, mas nenhum estado conseguiu cumprir a meta, por problemas que vão da chuva a dificuldades no manuseio do computador de mão usado para o preenchimento dos formulários.

O IBGE realiza paralelamente a contagem da população dos municípios com até 170 mil habitantes, que também está em fase de conclusão e deve apontar os fluxos migratórios regionais. No Paraná, ficaram fora dessa pesquisa oito municípios. Nos demais municípios, os trabalhos estão 89% concluídos, informa o instituto. (JR)

O Censo Agropecuário 2007 vai mostrar forte tendência de queda no exôdo rural no Paraná – fenômeno que marcou a história do estado nas últimas três décadas. Segundo dados já registrados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o total de estabelecimentos agropecuários se aproxima dos 369 mil contados pelo Censo Agropecuário de 1996. Naquela época, o Paraná acumulava redução de 180 mil unidades produtivas em 25 anos.

Com 87% dos dados apurados, o IBGE já contou 330 mil estabelecimentos agropecuários no Paraná. Ainda devem ser preenchidos de 30 a 40 mil questionários, estima o coordenador do censo no estado, Jorge Mryczka. Ele tem mais de 20 anos de experiência em pesquisas agropecuárias e afirma que a contagem vai chegar a cerca de 370 mil unidades produtivas no meio rural.

O número de estabelecimentos supera em 50 mil as estimativas de organizações como a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Estado do Paraná (Fetaep). Os líderes do setor previam redução apontando falta de perspectiva para o jovem no campo e abandono da atividade pelos produtores mais idosos.

No entanto, os dados apurados até agora mostram situação bem diferente. O mais provável é que os produtores estão em melhor situação econômica e que houve certa redução na migração para centros urbanos, afirma a pesquisadora Vanessa Fleishfresser, que estuda o assunto desde a década de 70 e atua no Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes).

Em sua avaliação, os números do IBGE abrem um leque de questões que só devem ficar claras a partir do cruzamento de dados finais. "O que temos, por enquanto, é um número geral, ou seja, um balanço do que ocorre entre regiões e das próprias mudanças nos estabelecimentos", afirma a analista, doutora em Desenvolvimento e Meio Ambiente.

Ela relata que 100,3 mil estabelecimentos agropecuários desapareceram entre os anos 70 e 80 no Paraná. Na época, as pesquisas mostraram que a pequena propriedade estava se tornando inviável e só quem comprava mais terras conseguia permanecer no campo. Os produtores passaram a cultivar áreas maiores, com grãos como soja.

De 1980 a 1985, os dados do IBGE mostram aumento no número de unidades produtivas. O Paraná ganhou 13,7 mil estabelecimentos agropecuários no período. "Houve multiplicação dessas unidades no Leste do estado, uma região pouco apta para a produção agrícola", observa Vanessa.

Outras 96,4 mil unidades sumiram das estatísticas entre 1985 e 1995. A tendência foi verificada tanto entre áreas abaixo de 10 hectares quanto em estabelecimentos entre 10 e 100 hectares, com redução de 74,4 mil e 23,9 mil, respectivamente. O fenômeno afetou as mesorregiões Norte, Oeste e Leste do Paraná. Nenhum outro estado brasileiro registrou a tendência por três décadas.

Apesar de os números do Censo Agropecuário 2007 mostrarem recuo no êxodo, não refletem propriamente a permanência do homem no campo, observa Vanessa. Ela considera que a tecnificação dispensa mão-de-obra inclusive na agricultura familiar. A estimativa do Ipardes é de que a Região Metropolitana de Curitiba concentre 44% da população do Paraná em 2020.

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