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A Lapeana, empresa paranaense de transporte de passageiros, foi vendida no último dia 15 para a Expresso Maringá. O negócio foi fechado discretamente. Prova disso é que os diretores da Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Paraná e Santa Catarina (Fepasc) e do Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário Intermunicipal de Passageiros do Paraná (Rodopar) não sabiam ontem da aquisição. Mas a operação foi confirmada ontem pelo Departamento de Estradas e Rodagem (DER), que finalizou a transferência das linhas da Lapeana para a Expresso Maringá no dia 16 de agosto.

Desde então, a Expresso Maringá opera as linhas entre os municípios de Curitiba, Lapa, Guaratuba, São Mateus do Sul, Antônio Olinto, Rio Negro, Porto Amazonas, Contenda e Araucária. A empresa também passou a operar duas linhas interestaduais – para Guaratuba, via Garuva, e para Itapoá. O nome Lapeana não deve ser mantido – os ônibus estão sendo substituídos e levam apenas adesivos da Lapeana.

Procuradas pela reportagem, as duas empresas preferiram não dar detalhes do negócio. A Expresso Maringá é uma das empresas da família Constantino, controladora da Gol Transportes Aéreos e dona de quase 40 empresas de transporte rodoviário no país, entre elas a empresa de transporte coletivo Cidade Canção, de Maringá. Segundo fontes do mercado, a frota do grupo é de mais de 6 mil ônibus e o faturamento supera R$ 1 bilhão por ano.

Apesar de não ter sido percebida pela concorrência, a aquisição da Lapeana pela Expresso Maringá foi imediatamente notada pelos moradores da Lapa (a 69 quilômetros de Curitiba). A professora aposentada Raquel Klenk, 66 anos, acompanhou toda a história da Lapeana, que começou a operar quando ela tinha apenas seis anos. Ela diz que levou um susto quando chegou na Lapa no último fim de semana e não viu os ônibus pintados de marrom e bege. "Os ônibus da Lapeana faziam parte da cidade, fiquei triste e acredito que todos os lapeanos também ficaram."

Para Raquel, a Lapeana representava o progresso chegando na Lapa. Antes de começar a operar, as viagens para Curitiba eram feitas de trem. "Os ônibus da empresa traziam também as pessoas de fora. E todas as tardes eu e as minhas colegas da escola ficávamos na frente da loja da Lapeana para ver quem iria desembarcar", lembra.

A relação dos funcionários da Lapeana com os moradores da cidade era tão forte, que o primeiro motorista da empresa, conhecido por todos por seu José, buscava os passageiros em casa, antes de cada viagem.

Mas para os mais novos, a empresa já apresentava problemas. "De dez anos para cá o serviço ficou pior, com ônibus mais velhos e atrasos", conta a bancária aposentada Glacy Avanbuja. "Mas ninguém desejava que a empresa fosse substituída. Queríamos sim uma concorrente, para melhorar o serviço e baixar os preços das tarifas".

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