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O distribuidor Rogério foi "promovido" e hoje comanda sete vendedores

Rogério Sherer é um dos distribuidores que compra sonhos na Alfa e os repassa para sete vendedores. Ele pode dizer que "foi promovido", já que há dois anos, quando começou no negócio, ele vendia sonhos para outra pessoa, apenas para complementar a renda familiar. "Mas achei bem interessante e quis explorar mais o negócio e por isso saí da firma para me dedicar apenas ao sonho", conta.

Há um ano, quando passou a atuar como distribuidor, Sherer dividia o negócio apenas com sua mulher, e juntos faziam os recheios – os que mais saem, segundo ele, são de nata e goiabada. Alguns amigos começaram a se interessar e assim ele aumentou sua rede. A cada dia ele compra de 2 mil a 2,2 mil doces para serem repartidos entre ele e os outros sete. Para fazer o trajeto a cada dia, entre 14 e 18 horas, gasta R$ 10,00 de combustível.

O publicitário Jairo Henrique Rodrigues diz que ficou surpreso ao se deparar com um carro de sonho no Batel, bairro de alto poder aquisitivo. "Via com mais freqüência nos bairros, mas agora estão em vários lugares", observa. Para ele, esse tipo de serviço é muito atraente, pois facilita a compra. Ele adquiriu um sonho de Sherer logo ao sair de uma reunião fora do local de seu trabalho. (RF)

"Freguesia, é o carro do sonho que está passando." O recado é o mesmo há muito tempo, mas o negócio não é o mesmo de anos atrás. O veículo é personalizado e faz parte de uma cadeia produtiva que envolve cerca de 30 pessoas e a fabricação de 4 mil a 5 mil sonhos por dia. Os Sonhos Alfa, microempresa familiar, mudou o perfil desse tipo de negócio, ao criar uma espécie de franquia. Os vendedores devem seguir algumas normas e todos utilizam o mesmo CD com a famosa propaganda do negócio. Atualmente a empresa tem cerca de 20 veículos percorrendo as ruas de Curitiba.

Ao contrário de anos atrás, quando o carro do sonho se restringia aos bairros mais afastados, os vendedores de sonho de agora marcam presença na região central e pontos onde o poder aquisitivo é mais alto. De acordo com um dos administradores da Alfa, Humberto Oliveira, os consumidores são de várias faixas etárias e classes. "Em alguns bairros, se deixamos de ir, até ligam cobrando. Também há muitos clientes que descem de carros bons, chiques, e compram para levar para casa", afirma.

Oliveira tinha uma pizzaria, que foi fechada depois de alguns assaltos. A idéia de vender sonhos seguiu o caminho trilhado pelo sogro, que vendia verduras em uma kombi e trabalhou um tempo com doces. Com a venda de alguns equipamentos usados na pizzaria, ele adquiriu os produtos necessários para a produção do sonho: uma boleira, centenas de fôrmas, tachos e um fogão. Há dois anos, quando começou, tinha apenas três vendedores.

A boleira, com capacidade de fabricar 6 mil sonhos por hora, bate a massa e a divide, dando a forma característica do doce. As bolinhas ficam crescendo por cerca de cinco a seis horas, e depois são fritas. A produção tem início às 10h e pode ir até o final da noite, de acordo com o número de sonhos que são requisitados. São quatro funcionários, divididos em dois turnos de oito horas. A cada manhã, os distribuidores que compram o produto na Alfa fazem o pedido para o dia seguinte.

O recheio do sonho é de responsabilidade do distribuidor. De acordo com Oliveira, as variedades passam por um controle de qualidade. Daí o produto é entregue aos vendedores, que começam a trabalhar no início da tarde e ficam na rua geralmente até vender tudo, por volta das 18h. "Não trabalhamos com sonho de um dia para o outro. Também orientamos os vendedores a não deixarem o volume do som muito alto, tem de estar abaixo de 60 decibéis e diminuindo quando eles passarem perto de hospitais", conta.

A Alfa vai bem, diz Oliveira, e os lucros crescem como se tivessem fermento. Por isso, a empresa está adotando novos diferenciais, como camisetas personalizadas e adesivos para o carro. "Já peguei as provas, vamos definir o modelo e em breve nossos vendedores serão reconhecidos facilmente", diz. A propaganda chamando a freguesia ganhou a frase "Alfa é qualidade", para tentar diferenciar o produto e até se tornou vídeo no You Tube. Segundo ele, o negócio sofre ainda um pouco de preconceito, principalmente de comerciantes com pontos comerciais. "Eles acham que só porque trabalhamos na rua não pagamos impostos. Não é verdade, temos nota e fazemos tudo legalmente", explica.

Facilidade

Para o professor de marketing de serviços da UniFae, Marcos Kahtalian, o negócio do sonho tem potencial pois se baseia na lógica do delivery. "Não é só o sonho, mas vários produtos que são disponibilizados diretamente ao cliente têm prosperado bastante", avalia. Segundo ele, um dos negócios com mais chances de sucesso são os dos carrinhos adaptados para serviços de alimentos. "O empreendedor brasileiro tem grande vocação para o comércio de alimentos, e esse tipo de empresa não exige muito investimento nem conhecimento técnico específico", afirma.

Justamente por ser uma atividade que não tem barreira de entrada, os serviços de alimentação também apresentam dificuldades, alerta o professor. Como qualquer pessoa pode entrar, a concorrência é muito alta. "A principal competência para esse tipo de negócio é o talento comercial. Identificar as melhores ruas para venda, atender bem o cliente e criar um vínculo são os diferenciais para esse tipo de negócio", acrescenta.

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