Aliceana Belling atravessou as fileiras de vestidos de princesa cor-de-rosa no supermercado e seguiu direto até as fantasias de super-herói. Ela refletiu sobre as suas opções para o Halloween. Homem de Ferro? Homem-aranha? Hulk? Foi então que ela viu a roupa de Capitão América, com o seu escudo brilhante e tudo a que a fantasia tem direito.
“Eu posso voar pelos ares!”, disse Aliceana, de 3 anos, em sua casa na cidade de Fon du Lac, em Winsconsin, nos Estados Unidos, onde ela planeja sair pedindo por doces ou travessuras com a fantasia do super-herói da Marvel Comics. “Eu vou salvar os cães!”, completou.
Aliceana e seus pais, Brittany e A.J. Belling, são uma das muitas famílias que estão fartas dos estereótipos que restringem os brinquedos, roupas e fantasias de princesas às meninas, enquanto os meninos ficam com personagens de ação.
Varejistas e fabricantes da indústria de brinquedos, ao lado das empresas de mídia, estão começando a prestar atenção a isso. Os fabricantes estão mais cautelosos na hora de fazer propagandas de alguns dos seus produtos apenas para meninos ou para meninas. Além disso, estão criando marcas andróginas ou de gênero neutro ao lado das grandes cadeias de lojas, que reservam corredores específicos para estes brinquedos.
Recessão no Brasil derruba resultados de multinacionais dos EUA
Grandes empresas como Coca-Cola, American Airlines e General Motors mencionam a crise brasileira na divulgação dos últimos resultados
Leia a matéria completaNada de rótulos
Em agosto, a rede de varejo americana Target anunciou que não usaria mais os rótulos para brinquedos de meninos e meninas nas suas lojas. Pela primeira vez neste ano, a loja da Disney está deixando de lado estas mesmas designações para as fantasias infantis de Halloween, dizendo que todas as roupas são “para crianças”. A mudança ainda vale para lancheiras, mochilas e outros acessórios da companhia.
A Amazon também não usa mais categorias baseadas em gênero para os brinquedos de crianças. Nos próximos meses, a Mattel vai introduzir uma nova linha de personagens de ação baseados em uma nova franquia, a CD Super Hero Girls.
“As barreiras de gênero estão se quebrando e tanto os fabricantes quanto os varejistas não estão rotulando brinquedos da forma que costumavam fazer”, disse Jim Silver, o editor-chefe do “TTPM”, um site sobre brinquedos. “A indústria aprendeu que não se deve criar marcas específicas para cada gênero. Existem muitas meninas por aí que querem ser o Homem de Ferro ou o Capitão América e meninos que querem usar forninhos de brinquedo.”
Sem divisão
Esta mudança faz parte de um movimento mais amplo no comércio para acabar com as linhas de gênero, enquanto a sociedade se move para além dos estereótipos e celebridades como Caitlyn Jenner e Jaden Smith colocam sob os holofotes a questão das identidades de gênero. Na moda, designers estão criando marcas andróginas, enquanto designers de primeira linha — que vão de Marc Jacobs a Hermès — estão erodindo as divisões entre as roupas masculinas e femininas.
“Se um homem quer comprar uma echarpe e acredita que isso é elegante, seja qual for sua preferência sexual, isso vai ser possível”, disse Marshal Cohen, analista da consultoria NPD. “Esta é uma questão em que o mundo avançou muito frente ao comércio e agora o setor está tentando alcançá-lo.”
Amazon recorre à Justiça dos EUA contra resenhas falsas sobre produtos
Avaliações sem comprovação da experiência são vendidas por US$ 5 ou mais
Leia a matéria completaAinda assim, a mudança mais significativa na categorização de gêneros — e certamente a mais debatida — acontece nas propagandas para crianças. Especialistas relacionam os brinquedos, as roupas e as fantasias tradicionais às diversas disparidades entre meninos e meninas, afetando inclusive sua autoconfiança e suas escolhas de carreira.
Os pais levaram seus protestos contra esta tradição da indústria de brinquedos às redes sociais e passaram a publicar na internet com orgulho os desafios dos seus filhos às normas de gênero. Recentemente, Paul Henson, um jovem pai da Virgínia, ganhou elogios generalizados quando fez uma postagem no Facebook sobre seu filho de três anos, que pretende se vestir como a princesa Elsa, do filme “Frozen”, neste Halloween.
A decisão da Target, por exemplo, de remover os rótulos de gêneros do seu setor de brinquedos veio depois que um protesto tomou o Twitter contra a venda de conjuntos de construção de brinquedos feitos especialmente para meninas. Segundo a empresa, no entanto, suas marcas para brinquedos femininos ou masculinos permanecem na loja virtual, porque muitos consumidores fazem sua busca pelos produtos no site com o filtro de gênero. Mas, agora, a companhia já permite que os compradores façam buscas específicas por brinquedos de gênero neutro também na página da internet.
-
Eleições internas e ataque a medalhões explicam reação da OAB ao STF
-
Drogas, machismo e apoio ao Comando Vermelho: conheça o novo vereador do PSOL
-
Ausência de Lula em articulação com parlamentares influenciou crise do governo no Congresso
-
Muita energia… na política: ministro ganha poder com agenda ao gosto de Lula
Muita energia… na política: ministro ganha poder com agenda ao gosto de Lula
Bônus para juízes, proposto por Pacheco, amplia gasto recorde do Brasil com o Judiciário
Quais impostos subiram desde o início do governo Lula e o que mais vem por aí
Perguntas e respostas sobre a reforma tributária; ouça o podcast
Deixe sua opinião