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A atividade manufatureira está se contraindo na Europa e na maior parte da Ásia, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira, e uma autoridade chinesa declarou que a economia mundial enfrenta uma situação pior do que a de 2008, quando o Lehman Brothers quebrou.

A atividade industrial encolheu ainda mais na zona do euro, reforçando a visão de que a região endividada está em recessão, ao mesmo tempo em que a manufatura britânica se contraiu no ritmo mais acelerado em dois anos, elevando o risco de que a economia do Reino Unido possa sofrer o mesmo destino.

Este tem sido o cenário de boa parte do mundo desenvolvido há vários meses, com exceção da safra de notícias melhores dos Estados Unidos. Mas a desaceleração agora parece estar se espalhando para as locomotivas econômicas do mundo em desenvolvimento.

O Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) oficial da China mostrou que a atividade fabril encolheu em novembro pela primeira vez em quase três anos, ao mesmo tempo que um índice similar mostrou que o crescimento fabril da Índia desacelerou para perto de zero.

China e Brasil afrouxaram a política monetária na quarta-feira. Isso veio juntamente com a ação coordenada dos maiores bancos centrais do mundo para tentar impedir outra crise de crédito, por meio da redução do custo das linhas de liquidez de swap em dólar.

"O grande quadro aqui é que isso é um desmonte de uma bolha de dívida de 20 anos", disse o economista finaceiro global do Commerzbank Peter Dixon. "Será assustador e desagradável. O que os formuladores de políticas estão visando é uma suavização do ritmo."

Mas esses formuladores de políticas parecem estar ficando mais preocupados.

O coordenador líder da China para as negociações do Grupo dos 20 e também vice-ministro de finanças, Zhu Guangyao, disse que os países pesadamente endividados têm limitado espaço para agir agora, o que tornará mais difícil sustentar o crescimento global enquanto a saga da dívida europeia se arrasta.

"A atual crise da dívida, em alguma medida, é mais séria e desafiadora do que a crise financeira internacional que se seguiu à queda do Lehman Brothers", disse Zhu. "É profundamente importante para os países ao redor do mundo trabalharem juntos no espírito de 'cooperação no mesmo barco'", acrescentou.

Depois da falência do Lehman, os países do G20 prometeram trilhões de dólares para impulsionar o crescimento e salvaguardar os bancos, e os bancos centrais cortaram as taxas de juros para mínimas recordes.

Mas as taxas ainda estão próximas de zero nos Estados Unidos, Japão e na Grã-Bretanha, e as finanças públicas se deterioram ao redor do mundo, deixando menos espaço para conter um vendaval europeu.

CONTÁGIO

Os mercados emergentes de crescimento rápido, como China, Brasil e Índia, lideraram a recuperação em 2009, e ainda estão crescendo mais rapidamente que a maioria das economias desenvolvidas. Mas eles não estão imunes à demanda fraca da Europa ou dos Estados Unidos.

O Índice de Gerentes de Compra oficial da China para novembro caiu para 49, mergulhando abaixo da marca de 50, que separa o crescimento da contração, pela primeira vez em quase três anos.

O índice de novas encomendas de exportação despencou para o nível mais baixo desde fevereiro de 2009, talvez não surpreendentemente, dado que a Europa é um dos maiores parceiros comerciais da China.

A leitura final do PMI manufatureiro da zona do euro ficou em 46,4, seu nível mais fraco em dois anos, com a atividade fabril nas duas maiores economias, Alemanha e França, enfraquecendo-se.

O PMI fabril do Reino Unido caiu para 47,6 em novembro, mínima desde junho de 2009, evidência adicional de que a economia britânica está em território perigoso.

"O motor industrial saiu de funcionamento", disse o economista sênior da Markit Rob Dobson, que faz a compilação das pesquisas.

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