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Em 2011, o país desbancou Reino Unido e Cingapura

De acordo com informações do Banco Central, foram aplicados pouco menos de US$ 67 bilhões no Brasil em 2011 – 37% a mais que em 2010, quando recebeu US$ 48,5 bilhões. O país foi o quinto destino de investimentos estrangeiros diretos do mundo, ficando atrás apenas de Hong Kong, Bélgica, China e Estados Unidos. Para chegar a esta posição, o Brasil superou Cingapura, Reino Unido e Ilhas Virgens, que estavam em vantagem no ano anterior.

Destaque

O número também fez com que o Brasil se posicionasse como maior alvo de investimentos da América do Sul – angariando 55% do total. Segundo o relatório World Investment Report, divulgado pela Agência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad), o que explicou a atratividade brasileira foi o tamanho de seu mercado doméstico e a posição estratégica – a partir do Brasil, é fácil alcançar outros mercados emergentes como a Argentina, o Chile, a Colombia e o Peru.

Para 2012, contudo, as perspectivas são menos polpudas. O Brasil deve, sim, continuar atrativo para investimentos estrangeiros diretos. Mas, em um contexto de fragilidade da economia mundial, de incertezas relacionadas à crise europeia e de baixo crescimento econômico, os níveis de investimento devem ser impactados.

Depois de registrar queda na comparação mês a mês no volume de Investimento Estrangeiro Direto (IED) de fevereiro a maio de 2012, em junho houve alta e o mês fechou 6,3% maior que no ano passado. No fechamento do primeiro semestre, contudo, a entrada de capital estrangeiro para investimentos diretos foi menor. De janeiro a junho deste ano, foram cerca de US$ 29,1 bilhões em IED. Em 2011, no mesmo período, foram pouco mais de US$ 32,5 bilhões. "É uma tendência que deve perdurar por algum tempo", afirma Luis Afonso Lima, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet).

Os motivos da queda envolvem tanto o mercado interno quanto o externo. "No cenário internacional, a retração do mercado de capitais tem dificultado investimentos", explica Luis Afonso.

Para Rodolfo Coelho Prates, doutor em Economia pela USP, a crise nos países da Europa também tem efeito negativo. "O ambiente de incerteza causado pelos problemas da zona do euro acabam por recuar os investimentos", analisa.

Já internamente, a desaceleração da economia é citada por ambos os especialistas como decisiva na queda do IED. Este ano, a previsão é que a taxa de crescimento do país fique em 1,9%. Para Rodolfo Prates, nem mesmo as medidas tomadas pelo governo para alavancar o consumo interno, como a redução da taxa básica de juros, têm sido suficientes para melhorar este cenário. "A princípio, a Selic menor deveria ajudar. Menos juros significam mais liquidez. É uma medida para estimular o mercado interno e o consumo, o que indiretamente poderia beneficiar o IED, já que alavancaria a economia. Porém, dado o endividamento das pessoas, o resultado não está sendo o esperado", diz.

Segundo dados do boletim Focus, do Banco Central, em meio às previsões do mercado financeiro para os principais indicadores da economia, este ano, o IED não deve passar de US$ 55 bilhões, 17,4% menos que em 2011. Para Luis Afonso, ainda que registre queda, o montante é alto.

No longo prazo, se a tendência de queda continuar, a economia brasileira pode sofrer alguns impactos. Um deles é relacionado ao déficit em transações correntes, que atualmente é financiado pelo IED. "É claro que isso, hoje, não é um problema tão grande pois temos muitas reservas internacionais para honrar este déficit, ao contrário do que acontecia no passado", afirma Luis Afonso. Outro efeito, ainda mais relevante, seria a perda do ambiente favorável à inovação, já que boa parte dos novos processos e produtos industriais são "importados" pelas multinacionais que se instalam no país.

Passado recente

Após euforia de 2009, The Economist trata país com cautela

O especial "Brazil takes off", publicado na The Economist em novembro de 2009, não poupou elogios ao país. A capa, que mostra o Cristo Redentor decolando do Corcovado, ilustra bem o otimismo dado às reportagens. Comparando o Brasil aos outros países que compõem o BRIC – Rússia, Índia e China –, a revista considerou a terra verde-e-amarela "muito superior" a eles. "Ao contrário da China, é uma democracia. Ao contrário da Índia, não tem insurgentes, conflitos religiosos e étnicos ou vizinhos hostis. Diferente da Rússia, exporta mais que petróleo e armas, e trata os investidores estrangeiros com respeito", cita, em tradução livre.

Três anos depois, os elogios deram lugar à cautela. Em maio deste ano, a revista destacou a desaceleração acentuada da economia brasileira. Depois do bom resultado de 2010, com crescimento de 7,5% do PIB, 2011 registrou apenas 2,7%. Para 2012, a previsão é ainda pior, de 1,9%. Para a revista, ainda há boas oportunidades no país, mas o governo deve focar em corrigir suas fraquezas estruturais para tirar vantagens delas.

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