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Segundo o relatório da Fiepr, o baixo crescimento do faturamento da indústria em 2013 se deve a um conjunto de fatores. Entre eles, o aumento da carga de impostos | Brunno Covello / Arquivo / Gazeta do Povo
Segundo o relatório da Fiepr, o baixo crescimento do faturamento da indústria em 2013 se deve a um conjunto de fatores. Entre eles, o aumento da carga de impostos| Foto: Brunno Covello / Arquivo / Gazeta do Povo

O faturamento da indústria do Paraná cresceu 1% em 2013, no avanço mais fraco em quatro anos. As informações são de sondagem divulgada nesta segunda-feira (17) pela Federação das Indústrias do Paraná (Fiepr), que não espera resultado muito melhor para este ano. "Para 2014, se prevê repetição do resultado havido em 2013, ou seja, crescimento abaixo do potencial", informou, em relatório, a equipe econômica da federação.

Veja a variação do faturamento da indústria do PR nos últimos 20 anos

"Sem Copa e eleições, teríamos algo a redor de 2% de crescimento. Esses dois eventos podem jogar o resultado tanto para cima quanto para baixo", disse Roberto Zürcher, economista da Fiep, à Gazeta do Povo. "Em anos de eleição, costuma haver uma fluidez maior de recursos vindos do governo. Mas a preocupação com a inflação e a política fiscal pode fazer com que esse efeito seja menor neste ano."

Para Zürcher, a confirmação de uma safra recorde no estado – ainda sujeita ao levantamento dos efeitos da seca sobre as lavouras – e a liberação dos empréstimos pleiteados pelo governo estadual podem dar fôlego extra à economia do estado e, por consequência, à indústria local.

Obstáculos

Segundo o relatório da Fiep, o baixo crescimento do ano passado se deve a um conjunto de fatores. Entre eles, o aumento da carga de impostos, "desta vez com o uso abusivo da substituição tributária"; os reajustes salariais acima da expansão da produtividade; e o encarecimento das matérias-primas. Também atrapalharam a indústria a concorrência de produtos importados de economias "que não operam sob o regime de livre mercado" e "o exaurimento do modelo de expansão do crédito pessoal".

A federação lembra que, no fim de 2012, já havia alertado que a redução do crescimento nacional e internacional e a crise na Argentina também poderiam prejudicar a indústria estadual, o que acabou se confirmando.

Destinos

Conforme a sondagem divulgada nesta segunda-feira, o leve crescimento foi puxado principalmente pelas vendas para empresas de outros estados, que aumentaram 3,9% em relação a 2012. As entregas para companhias paranaenses ficaram praticamente estáveis (-0,1%), e as receitas de exportação baixaram 4,3%.

Segmentos

Das 18 atividades industriais monitoradas pela Fiepr, dez conseguiram vender mais no ano passado e oito sofreram retração. As altas mais fortes foram as dos ramos de vestuário e acessórios, com crescimento de 28,5% sobre 2012; couros e calçados (25,6%); e metalurgia básica (15,4%). As maiores quedas de faturamento foram registradas pelos segmentos de material eletrônico e de comunicações (-24,7%); veículos (-6%); e refino de petróleo e produção de álcool (-2,6%).

Diferença

Ao contrário dos levantamentos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apuram a produção física da indústria, o foco da sondagem da Fiep está no faturamento do setor. Que nos últimos dois anos se "descolou" da produção. Em 2012, quando a produção caiu 4,7%, segundo o IBGE, as receitas da indústria aumentaram 2,3%. Neste ano, o forte crescimento da produção, de 5,6%, ficou bem acima do aumento das receitas (1%).

"O IBGE não considera os estoques. Em 2012, tivemos algumas paralisações na indústria, que acabaram por reduzir a produção. Como o setor continuou vendendo, e assim reduzindo seus estoques, o faturamento aumentou. Em 2013 a dinâmica foi diferente. A indústria produziu mais, repondo os estoques. Mas o crescimento das vendas foi mais fraco que o de 2012", explica Zürcher, da Fiep. "Existe, portanto, um certo descasamento, no curto prazo, entre a produção e a venda. Mas se observarmos períodos mais longos, os resultados de produção e vendas caminham mais ou menos juntos."

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