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Toledo – Para o suinocultor Ivacir Cerutti, a maior preocupação no momento é garantir que sua granja fique a salvo da aftosa. A entrada de visitantes está proibida – medida que também foi tomada pela maior parte de seus vizinhos. Cerutti divide com quatro irmãos a administração de 100 alqueires de terra. Eles colocam no mercado 750 porcos por mês, sendo 60% vendido para uma empresa de Iporã. A outra parte é adquirida por intermediários ou frigoríficos de outras regiões, incluindo São Paulo.

"Já estamos sofrendo com o preço hoje. Não sei o que vamos fazer se a parte da produção que ia para São Paulo ficar parada nos próximos meses", diz. O funcionamento da propriedade dos Cerutti é uma espécie de resumo do que ocorre em Toledo. Eles têm uma cadeia de produção que vai das matrizes ao milho que alimenta os porcos. A renda é complementada pela soja, vendida a esmagadoras. Com a quebra de 30% na última safra, o ganho com o grão ficou muito abaixo do esperado. Sobrou a criação, agora prejudicada pela aftosa.

"Formou-se um ciclo em torno do grão em Toledo e a aftosa tem o poder de enfraquecer toda a economia da cidade", afirma o secretário de Agricultura do município, Adalberto Barbosa. O sucesso da cadeia produtiva que surgiu em Toledo se reflete no Valor Bruto da Produção (VBP) do setor agropecuário, de R$ 698 milhões, o maior do Paraná.

Toledo tem também a maior criação de suínos do estado, cerca de 360 mil cabeças. Mesmo com a doença longe das granjas da região, os produtores sentiram um baque na última semana. O preço pelo quilo do suíno vivo caiu 18%, de R$ 2,20 para R$ 1,80.

No caso de confirmação da doença nas fazendas interditadas, os suinocultores terão de enfrentar uma freada brusca no mercado. Um embargo russo à carne paranaense seria quase inevitável e outros estados deixariam de aceitar a entrada de animais vivos. Frigoríficos de São Paulo compram 430 mil porcos por ano de produtores paranaenses, dos quais 100 mil têm origem em Toledo. Fora isso, as exportações exigem o abate de outro 1,2 milhão de suínos – sendo mais de 80% do volume para a Rússia.

"Haverá uma sobreoferta de 136 mil animais por mês caso sejam levantados os embargos", calcula o presidente da Associação de Suinocultores da Região Oeste (Assuinoeste), Leoclides Bisognin. Os produtores não têm como reduzir a oferta – as matrizes que gerarão os porcos para o abate daqui a 180 dias já estão fertilizadas.

Com os frigoríficos paulistas fora do mercado do animal vivo, a capacidade de abate no Paraná terá de ser adaptada para lidar com um volume superior ao normal. Se a estrutura paranaense não der conta e outros estados continuarem fechados aos porcos vivos, os produtores arcarão com o custo de manter a alimentação de suínos adultos, que não ganham mais peso.

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