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O Federal Reserve afirmou que reduzirá suas compras mensais de bônus em mais US$ 10 bilhões, para US$ 45 bilhões, conforme o esperado pelo mercado, e não alterou sua linguagem de diretriz futura para os juros. O banco central norte-americano apontou ainda, no comunicado divulgado após sua reunião de política monetária, que a economia americana se recuperou recentemente após uma "forte" desaceleração provocada pelo inverno rigoroso do país no primeiro trimestre.

Com a decisão, o Fed passará a comprar mensalmente US$ 25 bilhões em Treasuries e US$ 20 bilhões em títulos lastreados a hipotecas (MBS, na sigla em inglês) - já tendo reduzido praticamente pela metade o seu programa de relaxamento quantitativo. Os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) reiteraram que a redução das compras de ativos deve continuar, desde que a economia evolua conforme o esperado.

Todos os nove membros do Fomc votaram a favor da decisão, na segunda decisão unânime do banco este ano. Normalmente, o comitê tem 12 membros, mas o conselho do banco central está com três vagas no momento.

O comunicado manteve a mesma linguagem apresentada na reunião passada referente ao momento do primeiro aumento de juros. O Fomc afirmou que pretende manter as taxas de juros próximas de zero "por um período considerável" após o fim das compras de bônus, mas não houve menção de um cronograma específico. Para decidir quando começar a elevar os juros, os membros do Fed vão avaliar "uma ampla série" de indicadores econômicos do mercado de trabalho e da inflação, segundo o comunicado.

O comunicado foi divulgado pouco depois de o Departamento do Comércio informar que o Produto Interno Bruto (PIB) americano cresceu somente 0,1% nos primeiros três meses do ano. Os membros do Fomc reconheceram que a desaceleração foi pior que a esperada ao dizerem que a atividade desacelerou fortemente. No comunicado anterior, eles citaram somente uma desaceleração.

Mesmo assim, o Fomc apontou sinais de recuperação na atividade econômica em março e abril, sugerindo que os membros do banco central não estão muito preocupados com a desaceleração. O comunicado destaca que os gastos das famílias estão "crescendo mais rapidamente", mas salienta que o investimento das empresas vem caindo.

No fim da reunião de dois dias, o banco central informou que a economia "vai se expandir em ritmo moderado e as condições do mercado de trabalho vão melhorar gradualmente", avaliação que corresponde ao comunicado do mês passado. As recentes informações "indicam que o crescimento da atividade econômica se acelerou recentemente, após ter desacelerado durante o inverno em parte devido às condições climáticas adversas".

O Fed já reduziu as compras mensais de títulos em 40 bilhões de dólares, com quatro cortes. A diminuição gradual tem o objetivo de dar fim a uma era em que o balanço patrimonial do banco central quadruplicou, para mais de 4,2 trilhões de dólares, por meio de três diferentes programas de aquisições de ativos, que tinham como objetivo enfrentar a crise financeira, a recessão e o lento crescimento que se seguiram a ela.

O fim projetado do programa abre caminho para uma série de decisões esperadas para o próximo ano sobre quando e como reduzir o balanço patrimonial para níveis mais comuns e, principalmente, quando mover a taxa de juros acima do atual nível praticamente zerado, em que se encontra desde o fim de 2008.

A segunda reunião de política monetária de Janet Yellen como chair do Fed não apresentou nova diretriz. O BC reiterou que vai manter a meta para a taxa overnight entre 0 e 0,25% "no horizonte relevante" mesmo após o programa de compra de títulos terminar.

Analistas esperavam pouco desta reunião já que o comitê de política monetária do Fed sinaliza estar num movimento padrão para encerrar as compras de títulos e debater quando ocorrerá o primeiro aumento na taxa de juros. Investidores esperam atualmente que a primeira alta da taxa ocorra em meados do próximo ano. Com poucos sinais de inflação e um ainda elevado desemprego de 6,7%, Yellen já disse haver grande "folga" na economia e uma necessidade de se manter as taxas baixas.

Em 16 de abril, ela disse que os EUA ainda podem estar há mais de dois anos distante de uma "taxa média de desemprego de longo prazo" de entre 5,2% e 5,6%. "Até agora na recuperação e até hoje, há pouca dúvida sobre se a economia manteve-se longe de emprego máximo", disse ela.

Apesar de o crescimento do PIB não ter retirado o Fed do cronograma, pode influenciar a discussão daqui para frente. A taxa de crescimento anual de 0,1% ficou muito abaixo das expectativas. "Isso certamente vai dar à Janet Yellen muito mais munição para permanecer de forma mais neutra no lado dovish", disse o estrategista de câmbio do Citi Richard Cochinos, antes da decisão do Fed.

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