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O Fundo Garantidor de Créditos (FGC) vai acelerar a revisão de seu estatuto para aprimorar a governança e não pretende abrir mão do papel de resgatar de bancos em dificuldades, segundo o presidente Antonio Carlos Bueno. Entre as mudanças em estudo estão regras para evitar potenciais conflitos de interesses, como a inclusão de quarentena para executivos que tenham trabalhado em instituições financeiras.

"Estamos estudando ajustes pontuais para deixar a instituição e seus executivos menos vulneráveis", afirmou nesta segunda-feira o executivo em entrevista à Reuters, na sede do fundo. Em agosto, a revista Época publicou que um ex-executivo do FGC teria se envolvido em atividades irregulares durante a liquidação do Banco Cruzeiro do Sul. Bueno negou as acusações mas não quis fazer mais comentários sobre o episódio.

O Banco Central liquidou o Cruzeiro do Sul em setembro de 2012, depois de encontrar várias violações às regras da indústria financeira.

A maior cautela com a governança está relacionada aos novos papéis assumidos pelo fundo desde a crise De 2008, segundo ele. "A partir do momento em que participamos de decisões em casos mais complexos, assumimos mais riscos", explicou. Criado em 1995 por grandes bancos privados do país, o fundo visava inicialmente a proteger os depositantes em caso de quebra de bancos, mas este papel mudou desde 2008, quando começou a socorrer as instituições em dificuldades.

A partir de 2009, o fundo começou a comprar carteiras de recebíveis de instituições financeiras para dar liquidez ao mercado e a financiar bancos em crise, como ocorreu com o Cruzeiro do Sul, o Rural e o BVA. Desde o final daquele ano, nove bancos brasileiros quebraram.

O fundo também atuou na consolidação do sistema financeiro brasileiro ao ajudar o Banco Central a encontrar compradores para bancos problemáticos.

Segundo o presidente, não há espaço para voltar atrás na forma de atuação da entidade, na tarefa de socorrer bancos. "Acho muito difícil voltar a ser apenas um paybox (segurador de depósitos), essa discussão nunca ocorreu aqui", afirmou o executivo, acrescentando que no Brasil os bancos não podem ser socorridos pelo governo, enquanto em outros países existem agências de governo com esta finalidade. "No Brasil o FGC era o único que podia suprir esta necessidade." Ele afirmou que o fundo garantidor poderia ser ajudado pelo governo em caso de emergência.

Segundo ele, grande parte dos problemas envolvendo bancos médios foi causada pela crise, enquanto os que tiveram problemas de fraudes são a minoria.

Para Bueno, o FGC está em uma situação confortável para lidar com estes problemas porque seu patrimônio de 31 bilhões de reais corresponde a cerca de 2 por cento dos depósitos no país, o que é considerado um nível seguro. Em outros países, o padrão considerado adequado é de 1 a 3 por cento, afirmou.

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