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Uma espécie de duelo entre capital e interior vai definir quem será a maior liderança da classe empresarial paranaense pelos próximos quatro anos. Os votos de 96 sindicatos patronais decidem, no dia 13, quem ocupará a presidência da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) até outubro de 2011. O curitibano Rodrigo da Rocha Loures, candidato à re-eleição pela chapa Afirmação Empresarial, e o desafiante Álvaro Luiz Scheffer, empresário ponta-grossense que rompeu com a atual diretoria da entidade e está à frente da chapa Identidade Sindical, disputam o direito de administrar um orçamento de mais de R$ 200 milhões por ano, superior à arrecadação da grande maioria dos municípios do estado. Mais do que isso, os dois brigam para ocupar um posto que representa grande visibilidade e projeção política.

"O que tem caracterizado a Fiep é o fato de ela ser uma plataforma política para outros vôos, eventualmente sendo usada por famílias importantes, e não apenas pelos indivíduos que ocupam o cargo. O atual presidente, por exemplo, tem um filho que foi chefe de gabinete do governador Roberto Requião e se elegeu deputado federal no ano passado", aponta o cientista político Ricardo Costa de Oliveira, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

A campanha ganhou força nas últimas semanas: Rocha Loures e Scheffer têm percorrido várias cidades por semana, e já conversaram com quase todos os eleitores. A seqüência de inaugurações promovidas pelo atual presidente tem recebido freqüentes alfinetadas de seu adversário, que diz trabalhar contra toda a "máquina administrativa" da federação. Enquanto Rocha Loures diz contar com a "maioria expressiva" dos votos na semana que vem, Scheffer assegura que receberá pelo menos 52 votos dos 96 votos.

Rocha Loures dá ênfase ao investimento em tecnologia e inovação e afirma que pretende duplicar em quatro anos o tamanho da indústria paranaense, que hoje emprega 500 mil pessoas. Como credenciais para continuar no cargo, seu bom relacionamento com diferentes esferas do Poder Executivo – apesar do estremecimento de sua relação com Requião, que o apoiou em 2003 – e sua participação em órgãos como o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES, o "Conselhão") da Presidência da República. Rocha Loures também lista números de sua gestão. Diz ter investido, nos últimos quatro anos, R$ 71 milhões no Sistema Fiep – que também reúne Sesi, Senai e IEL –, 15 vezes mais que os R$ 4 milhões investidos no segundo mandato do ex-presidente José Carlos Gomes de Carvalho, já falecido.

Vice-presidente da Fiep, Scheffer tem em sua chapa outros dez diretores da atual gestão, e conta com o apoio de Requião e do senador Osmar Dias. Diz que Rocha Loures tornou a federação "personalista", afastando os demais diretores dos processos de decisão, e insiste na necessidade que a federação seja "olhos e ouvidos", dando mais voz aos sindicatos. Embora defenda a necessidade de parceria com o governo estadual, Scheffer acusa o atual presidente de ter se omitido em questões importantes, por medo de discutir assuntos polêmicos com o governador. O empresário ponta-grossense propõe que Sesi, Senai e IEL atuem como instrumento de apoio aos sindicatos, promete acabar com a reeleição na Fiep e prega o fim da necessidade de que os candidatos à federação residam em Curitiba.

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