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Setor de autopeças está entre os que mais devem sofrer, no curto prazo, com o fim do benefício | Hugo Harada/Gazeta do Povo
Setor de autopeças está entre os que mais devem sofrer, no curto prazo, com o fim do benefício| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

A União Europeia estuda cortar os privilégios comerciais de 60 países, entre eles o Brasil, sob a justificativa de que estas economias não são mais consideradas pobres. A medida, que deve valer a partir de 2014, pode causar impacto às exportações brasileiras, mas especialistas analisam o fim do benefício como uma oportunidade para o país atuar de maneira igualitária como player internacional, sem precisar de concessões. A proposta, ainda segundo analistas, "viria a calhar" para os países europeus, já que muitos deles ainda vivem dificuldades econômicas por causa da crise financeira de 2009. Importar menos produtos estrangeiros seria uma saída para ampliar a produção europeia e gerar mais empregos dentro do bloco.O Brasil se beneficia do sistema de privilégios há 40 anos e hoje é a quinta economia que mais recebe essas concessões, com exportações dentro do esquema avaliadas em 3,4 bilhões de euros.

Como a pauta brasileira está muito concentrada em commodities, há quem acredite que o Brasil será um dos países menos afetados com o fim dos privilégios. "Seremos os menos atingidos, mais pela nossa fraqueza do que pela nossa força, porque lamentavelmente mandamos para a União Europeia principalmente produtos básicos", ressalta Reinaldo Gonçalves, professor de Economia Internacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Apesar das perdas em curto prazo – especialmente na área de têxteis, químicos, máquinas e autopeças, setores que sentiriam os maiores impactos com o fim da medida –, o Brasil teria pela frente a oportunidade de amadurecer a democracia econômica do país com o fim das preferências. "Se formos pensar no longo prazo, teremos um ganho: se os produtos que antes entravam com benefícios não conseguirem concorrer no mercado europeu, os empresários vão buscar os consumidores brasileiros para vender seus produtos. Os empresários brasileiros terão o privilégio de aprender a concorrer com o resto do mundo de igual para igual", salienta o professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) Másimo Della Justina.

"Bolsa-Família"

A crise financeira que alguns países europeus ainda vivem pode ter incentivado o fim dos benefícios. "Reflete a crise econômica da União Europeia, porque com isso aumenta-se as restrições de acesso aos produtos de fora para que se compre dentro do bloco. O término das concessões unilaterais às ex-colônias europeias é um processo natural, tendo em vista a nova conjuntura econômica mundial", afirma o professor da UFRJ.

A Europa concede o privilégio a mais de 150 países, em cerca de 50 bilhões de euros, e pretende restringir o benefício para as 90 economias mais pobres do mundo. "É como no Bolsa-Família: até uma determinada renda é justificável estar no grupo, mas uma vez que se tenha uma renda maior – como é o caso do Brasil – não é justo ter este benefício", compara o professor de Economia da Universidade Positivo (UP), Rodolfo Coelho Prates.

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