Consultores explicam como equilibrar ativos bons, como títulos públicos, e ruins, como carro e casa na praia. Veja na Gazeta do Povo| Foto: Bigstock/Gazeta do Povo

No jarguão da contabilidade, ativos são bens ou direitos e passivos são dívidas. Em Pai Rico, Pai Pobre, porém, Robert Kiyosaki defende que o ativo bom é apenas aquele que gera renda. Na prática, bens que geram despesas, como um carro ou itens de consumo de alto custo, se assimilariam mais aos passivos. Embora o caminho mais racional seja o de encher o patrimônio apenas de “ativos bons”, o coração e os próprios costumes levam as pessoas a olhar também para os “ativos ruins” e para os “passivos”. Com a ajuda de dois consultores, a Gazeta do Povo foi atrás de algumas dicas que podem ajudar você a encontrar o equilíbrio entre os dois caminhos.

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A primeira dica da economista e diretora da Associação Brasileira de Planejadores Financeiros (Planejar) Marcia Dessen é que só vale a pena contrair uma dívida (ou seja, o passivo citado acima) para adquirir ativos que geram renda ou mesmo reduzem despesas. “Fazer dívida para [simplesmente] financiar consumo destrói o patrimônio”, frisa ela.

Nesse aspecto, o carro é o exemplo mais cruel de ativo ruim na avaliação de Marcia. “Tira dinheiro (muito dinheiro) do seu bolso e deprecia ao longo do tempo (...) A não ser que seja um carro comprado para um negócio próprio, como transporte escolar ou delivery, por exemplo, pois coloca dinheiro no bolso e ajuda a se pagar”, analisa a economista.

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No Brasil, a cultura da casa própria também leva muita gente a optar pela compra de um imóvel na hora. “A casa própria (...) é um ativo importante, porém gera despesa para o resto da vida. Um imóvel de praia ou de campo, idem. Já um imóvel alugado proporciona renda de aluguel, além de ter potencial de valorização ”, ressalta Marcia.

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Diversificação nos investimentos como saída

Para o também economista e consultor, além de professor do Centro Universitário FAE, André Hayashi, a principal dica para não correr riscos com o desequilíbrio entre ativos e passivos está na diversificação dos investimentos (ações, imóveis e títulos públicos, por exemplo) e na atenção constante às taxas de juros como termômetro das aplicações. “É difícil romper aquela cultura passada de avô para pai, de pai para filho, mas é preciso tentar, entender que não dá para guardar um dinheiro e deixá-lo lá parado, para sempre”.

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Para isso, Hayashi tem uma regrinha básica e que tem a ver com a idade: “se você tem 30 anos, então deveria ter pelo menos 30% dos seus investimentos em renda fixa, como fundos DI, e o restante em aplicações mais arrojadas, como bolsa de valores. Mas essa uma receita que também tem de levar em conta o perfil do investidor”, diz o consultor. “Tenho clientes jovens que se pelam de medo de investir em ações, que perdem o sono só de pensar nisso. É preciso respeitar esse perfil.”

Em sua página na internet, ele tenta escrever sobre noções gerais de um bom orçamento doméstico e lições para a construção de um bom patrimônio. “Eu gosto de dar exemplos simples. Se você guardar R$ 500 por mês e colocar numa poupança, em 30 anos você terá, a um rendimento médio de 0,52% ao mês, cerca de R$ 500 mil. Se você guardar a mesma quantia e aplicar num título público, que tem rendido cerca 0,94% ao mês, você terá R$ 1,5 milhão. É uma diferença e tanto e as pessoas precisam começar a ver isso, e a mudar seus hábitos”, ressalta Hayashi.

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Com uma boa diversificação e olho atento na taxa de juros, é possível sair ganhando sempre. “Se os juros estão altos, então não é o momento de comprar uma casa. É melhor deixar o dinheiro rendendo e pagar um aluguel. Por outro lado, se os juros estão baixos pode valer a pena adquirir um imóvel”, exemplifica Hayashi. “Com os investimentos separados entre imóveis, ações e títulos, por exemplo, eu sempre saio ganhando. Se os juros estão altos, eu ganho com os títulos, mas perco com as ações. Se os juros caem, os imóveis valorizam e as ações sobem. Dá para resumir também assim: se der tudo errado no país, eu ganho mais em títulos; se der tudo certo, eu ganho em imóveis e ações”, observa ele. No quesito imóveis, porém, é preciso ter em mente que eles precisam estar ocupados, alugados, gerando renda.