• Carregando...
 | Rafael Matsunaga/Fotos Públicas
| Foto: Rafael Matsunaga/Fotos Públicas

A previsão negativa para a economia brasileira em 2016 deverá se refletir na Bolsa de Valores no ano que vem. E motivos é que não falta para se crer nisso. Na avaliação de economistas e analistas de mercado, as incertezas políticas que rondam o Planalto, com o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff sem conclusão; a previsão de uma inflação acima do teto da meta, de 6%; a escalada da taxa básica de juros, hoje em 14,25%; a elevação do dólar, que poderá chegar aos R$ 4,20; e a provável perda de grau de investimento pela Moody’s devem tornar o panorama ainda mais sombrio.

Veja os setores que prometem crescer em 2016

Acompanhe as ações que mais ganharam e perderam valor de mercado neste ano

2015, o ano que não vai terminar

Leia a matéria completa

“Infelizmente, o que teremos é a continuidade da deterioração do ambiente econômico e político que vimos em 2015, mas de uma forma mais grave do que os analistas mais pessimistas tinham previsto”, alerta o presidente da Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias (Ancord), Caio Villares.

Em 2015, o Ibovespa, principal índice da Bolsa, fechou em queda de cerca de 12%, aos 43.349 pontos, níveis muito próximos dos alcançados em 2009, segundo o economista da Órama Investimentos e professor do Ibemec-Rio Alexandre Espírito Santo.

Mas, mesmo diante de um clima de pessimismo, o analista afirma que a partir do segundo semestre de 2016 a atividade econômica deva apresentar uma melhora, o que irá impulsionar o índice aos patamares dos 50 mil pontos.

“A Bolsa costuma antecipar o que acontecerá na economia, então o que a gente pode ter é um segundo semestre um pouco melhor em relação ao que estamos tendo agora. Apesar de nem todos os preços das ações estarem baratos, no longo prazo a perspectiva é de enxergarmos boas oportunidades”, acredita ele.

Para Villares, o crescimento do mercado financeiro depende principalmente de políticas de responsabilidade fiscal, maiores perspectivas de crescimento e redução da taxa de juros. Ou seja: de um prazo mais longo para arrumar a casa.

Cenário externo

Mas não são apenas os fatores internos que influenciam o desempenho das ações. O reajuste da taxa de juros norte-americana em 2015 para 0,25% a 0,5%, depois de sete anos próxima do zero, deverá continuar em 2016, o que resultará em uma migração de dólares para os EUA e uma desvalorização do nosso câmbio.

A desaceleração da China, grande consumidora de commodities, que estão entre os principais produtos vendidos pelo Brasil ao exterior, é outro motivo de preocupação para o desempenho da Bovespa. Entretanto, para Espírito Santo, o que mais pesa contra o mercado financeiro é a perda do grau de investimento. “A perda de nota pela Moody’s será mais um fator de estresse para o mercado de câmbio, que é mais sensível a nossa condução da política econômica que às decisões do Fed [Federal Reserva, o banco central dos EUA]”, diz ele.

Exportadoras e setor de papel e celulose devem crescer em 2016

As projeções negativas para 2016, no entanto, não afetarão todos os setores da economia. Assim como em 2015, o segmento de papel e celulose, alavancado por Braskem, Fibria e Suzano, deverão ser alguns dos destaques para o ano que vem, avalia o economista Alexandre Espírito Santo.

Além delas, as empresas exportadoras de produtos para fora do Brasil também podem ser beneficiadas pelo câmbio, com desvalorização do real frente ao dólar, de acordo com o presidente da Ancord, Caio Villares. Entre elas, destacam-se as que embarcam alimentos para outros países, como a BR Foods e a JBS.

“Em 2015, a maioria dos setores se saiu mal. Mas o único que mais saltou aos olhos foi o de papel e celulose. E isso basicamente ocorreu por dois motivos: pela taxa de câmbio favorável à exportação e pela eficiência produtiva do setor brasileiro. Esse é um segmento interessante e no qual se deve ficar atento”, declara Espírito Santo.

Na opinião do analista, duas áreas que também podem apresentar bons resultados são as de educação e financeira. “Este ano não foi tão bom para o setor bancário. Em 2016, ele deve continuar sofrendo com a crise econômica e a inadimplência, mas irá se recuperar pela sua grande eficiência. Além desse, outro setor que pode surpreender é o de ensino. Em 2015, ele foi abalado pelas novas regras do Fies, mas o investidor deve observar que as instituições não estão mais tão dependentes desse modelo de financiamento. Elas fazem financiamentos próprios, usam bancos e tendem a crescer muito devido à demanda de ensino à distância.”

O economista reforça, porém, que o investimento na Bolsa deve ser encarado como de longo prazo, com horizontes entre os cinco e os 10 anos. “Neste período, a Bolsa pode ser um bom investimento para ajuda a formar uma poupança. Mas ela não pode ser tratada como um cassino.”

Indicadores

Veja os papeis que mais ganharam e perderam valor em 2015

EM ALTA

Empresa Preço da ação (R$) Valorização (%)
Braskem (BRKM5) 28,08 68,95
Fibria (FIBR3) 50,86 68,04
Suzano (SUZB5) 18,51 66,90
Klabin (KLBN11) 22,80 58,07
Raia Drogasil (RADL3) 34,77 39,37
Energias BR (ENBR3) 12,07 36,58
Hypermarcas (HYPE3) 21,74 30,57
Santander Brasil (SANB11) 16,15 29,65
Equatorial (EQTL3) 34,38 27,26
Embraer (EMBR3) 30,01 23,70

EM BAIXA

Empresa Preço da ação (R$) Valorização (%)
Gerdau Metais (GOAU4) 1,62 -85,43
Gol (GOLL4) 2,43 -83,99
Oi (OIBR4) 1,92 -77,70
Usiminas (USIM5) 1,52 -69,73
Rumo Logística (RUMO3) 5,96 -66,31
Bradespar (BRAP4) 5,01 -61,22
Pão de Açúcar (PCAR4) 41,89 -56,91
Ecorodovias (ECOR3) 4,82 -52,44
Cemig (CMIG4) 6,17 -51,54
Fonte: Infomoney. Dados fornecidos até o fechamento das atividades da Bolsa, no dia 30 de dezembro.
0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]