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Cheque especial tem juro de 200% ao ano

O número é assustador: o juro cobrado no cheque especial atingiu a marca de 200% ao ano em dezembro. A maior taxa em 16 anos ocorreu justamente em um momento de recuo na inadimplência desse tipo de empréstimo, que deveria ser usado apenas em caráter emergencial. A redução do calote no fim do ano passado se deu, segundo análise do Banco Central, porque os assalariados aproveitaram o pagamento do 13.º salário para quitar ou diminuir as dívidas com o banco.

Apenas em 2014, a alta dos juros desse tipo de financiamento foi de 53 pontos percentuais. Para se ter uma ideia do tamanho do aumento, a taxa cobrada no encerramento de 2014 para o crédito pessoal de pessoa física ficou em 45,3% ao ano. Mesmo este segmento de empréstimo registrou elevação de quatro pontos em 2014.

A forma de financiamento pessoal mais barata segue sendo o crédito consignado, que desconta a dívida diretamente na folha de pagamento. Com risco baixo de calote para os bancos, as taxas são mais amenas e fecharam em 25,9% ao ano. Os servidores públicos foram os que conseguiram os juros mais atrativos (24%) ante 28% dos beneficiários do INSS e de 33,9% dos trabalhadores do setor privado.

Mesmo com os estímulos do governo ao setor automotivo, o financiamento de veículos recuou 4,4% no ano passado e "contaminou" o crescimento dos empréstimos para as famílias. O fim do IPI reduzido, a alta dos juros básicos da economia, dos juros para aquisição da casa própria e o "saco de maldades" do Ministério da Fazenda tornaram difícil a expansão de 12% do mercado de crédito neste ano, como prevê o Banco Central.

INFOGRÁFICO: Veja a evolução do estoque do mercado de crédito

Mesmo com a inadimplência em níveis praticamente estáveis (4,8% em 2014 contra 4,7% em 2013), houve um encarecimento dos financiamentos em 2014, o que deve prosseguir neste ano. Não apenas por causa da elevação da Selic, mas porque os bancos ganharam mais com essas operações. Temendo calotes, as instituições também foram mais seletivas na concessão de recursos – o que deve se acentuar ainda mais em 2015.

Os bancos públicos continuaram a liderar a oferta de crédito no país, mas já não mostram o mesmo fôlego de antes. Da mesma forma, cresceram os recursos para o financiamento imobiliário das pessoas físicas, mas num ritmo mais lento. No caso dos empréstimos via BNDES, só não houve perda de força no ano passado porque os prazos são mais longos e a alta do dólar ajudou a manter o estoque ainda elevado em 2014. Para este ano, com o aumento das taxas cobradas pela instituição, o quadro certamente será outro.

O saldo de crédito total, que chegou a pouco mais de R$ 3 trilhões no fim de 2014, mostrou a menor alta (11,3%) em um ano desde 2003. Foi o quarto ano seguido de desaceleração. Mesmo assim, a participação desse mercado de empréstimos atingiu em dezembro 58,9% do Produto Interno Bruto (PIB), fatia maior do que a vista no fim de 2013 (56%).

"Essa moderação do crescimento dá sustentabilidade ao crédito", avaliou o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel. E lembrou que a fatia do crédito no PIB era de 25,9% há dez anos. O avanço da oferta de empréstimos, disse, ocorreu de forma simultânea ao crescimento da renda. "Tivemos aumento de salário, de emprego e de prazos nesse período. O crédito para investimento também ganhou relevância, principalmente para imóveis."

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