Washington - Para que a estabilidade financeira global seja restaurada, bancos ao redor do mundo terão de amortizar dívidas tóxicas num valor de US$ 4,1 trilhões, afirmou ontem o Fundo Monetário Internacional (FMI). Em seu relatório sobre estabilidade financeira global, o FMI disse que instituições norte-americanas estão quase na metade do caminho para suas deduções necessárias, enquanto a região do euro está mais atrás.
Esta foi a primeira vez que o relatório do FMI incluiu perdas em empréstimos da Europa e Japão, as quais equivalem a um total de US$ 1,3 trilhão. O documento apontou que os bancos precisam de amplas injeções de capital para o caso de perdas esperadas e para restaurar a confiança do investidor em um sistema financeiro fragilizado. O bancos ao redor do mundo aumentaram o capital em até US$ 900 bilhões, cerca da metade por meio de empréstimos de resgate do governo.
José Vinals, diretor do departamento de mercado capital e monetário do FMI, disse que uma contínua, decisiva e efetiva ação para limpar as folhas de balanço dos bancos é necessária para restaurar a confiança e o crescimento econômico. "O processo de limpeza está andando, e as elevadas amortizações vão exigir que instituições financeiras mantenham mais capital", disse ele durante coletiva. "Parte dessa necessidade de capital poderia ser saciada diretamente com uma conversão de ações preferenciais (do governo) para papéis comuns, ou indiretamente com as garantias do governo em cobrir as perdas", disse Vinals.
O FMI disse que agora espera a deterioração em ativos de origem norte-americana em até US$ 2,7 trilhões, valor substancialmente maior do que US$ 2,2 trilhões previstos em janeiro. O acentuado aumento reflete perdas principalmente ente outubro e janeiro. Há apenas um ano, o fundo estava sendo fortemente criticado por estimar perdas de apenas US$ 1 trilhão em ativos de bancos. "A sensibilidade mudou. O que parecia absurdo agora parece relevante", disse o primeiro vice-diretor do FMI, John Lipsky.
O FMI estimou ainda que os bancos do mundo vão precisar amortizar cerca de US$ 2,8 trilhões em empréstimos e fianças. Até agora, cerca de um terço desse volume foi amortizado. De acordo com o fundo, os bancos norte-americanos deduziram cerca de US$ 510 bilhões em ativos. Uma outra dedução de US$ 550 bilhões é esperada nos próximos dois anos.
Na área do euro, as amortizações já totalizaram US$ 154 bilhões, e há outros US$ 750 bilhões previstos para até 2010. Desde o início da crise, a capitalização de bancos globais caiu mais da metade, para US$ 1,6 trilhões. O FMI estimou que bancos poderiam precisar de um capital adicional entre US$ 275 bilhões e US$ 500 bilhões nos Estados Unidos, entre US$ 125 bilhões e US$ 250 bilhões na Grã Bretanha, e cerca de US$ 375 bilhões a US$ 725 bilhões na zona do euro.
- EUA apuram fraudes no socorro a bancos
-
Como um não-petista se tornou um dos ministros mais poderosos de Lula
-
Elogios a Putin, Ucrânia vilã: a realidade alternativa da Ruwiki, a Wikipedia chapa-branca da Rússia
-
Lula decide manter gabinete de ministro da reconstrução do RS em Brasília
-
Frases da Semana: “A natureza escolheu o RS para ser alerta de problema grave no mundo”
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast
Petrobras terá nova presidente; o que suas ideias indicam para o futuro da estatal
Agro gaúcho escapou de efeito ainda mais catastrófico; entenda por quê