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O Fundo Monetário Internacional (FMI) recomenda uma redução gradual no ritmo de concessão de crédito por bancos públicos no Brasil, de acordo com relatório sobre a economia brasileira divulgado nesta quarta-feira (28). Além disso, o Fundo recomenda que o País siga aumentando os juros para conter a inflação.

O documento destaca que o sistema bancário brasileiro está sólido e bem preparado para uma adequação até antes do previsto às regras de Basileia 3, que vão exigir mais capital de alta qualidade dos bancos. Mas os técnicos do Fundo observam que os bancos públicos, ao emprestar mais que os privados, estão mais expostos a riscos e podem até comprometer as contas do governo.

O FMI recomenda disciplina fiscal ao País e a adoção de uma meta de superávit primário que coloque o déficit público em trajetória de queda. Ao destacar esse ponto, o documento ressalta que a estratégia do governo de estimular o crédito nos bancos públicos pode ter impactos fiscais.

"As condições financeiras ficaram mais difíceis, mas o crescimento do crédito permanece forte, puxado pelos bancos públicos", destaca o relatório. O FMI nota que o crédito imobiliário segue crescendo de forma acelerada, mas não representa riscos, pois ainda equivalem a porcentual pequeno do mercado de crédito local. Os preços dos imóveis tiveram uma correção, mas ainda seguem elevados. Em documentos anteriores, o Fundo mostrou preocupação com a forte alta dos preços das residências no país, sobretudo em São Paulo e Rio.

Brasil precisa manter aperto com alta de juros

O FMI avalia que o Brasil gradualmente vem conseguindo se recuperar da retração que começou em meados de 2011, mas a inflação próxima ao topo da meta do Banco Central faz com que a política monetária precise continuar apertada, com mais aumentos de juros.

A recomendação é de que o BC tem que continuar comprometido em conter a pressão de aumento de preços e em ancorar as expectativas dos agentes do mercado financeiro. O estrangulamento pelo lado da oferta segue sendo uma fonte de pressão inflacionária, além de limitar o crescimento econômico do País, avalia o Fundo.

Além de uma infraestrutura deficiente no País, uma certa deterioração no exterior e a incerteza política no Brasil podem estar limitando o crescimento no curto prazo. "Uma política monetária mais apertada ajudaria a conter pressões mais persistentes de alta de preços", destaca o relatório.

No geral, conclui o documento, a política monetária deve ter o principal papel na gestão da demanda agregada, enquanto a política fiscal precisa ser focada em reconstituir colchões de proteção. O Fundo nota que o Brasil implementou as recomendações sugeridas pela instituição em anos anteriores, mas trabalho adicional precisa ser feito.

O documento não analisa a alta recente do dólar no Brasil. Fala apenas no aumento da volatilidade nos mercados financeiros mundiais, que fez a aversão ao risco subir. O relatório destaca que o país tem instrumentos adequados para lidar com as mudanças de fluxos de capital.

Previsões

Ao contrário da análise recente de outros países divulgadas pelo FMI, o documento sobre o Brasil não tem previsões de indicadores econômicos para os próximos anos. O texto traz números até 2012, sem estimativas para 2013 e anos seguintes, como ocorreu com os outros documentos, por exemplo com a zona do euro.

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