Reflexos
Dúvidas sobre demanda da China não afetam planos da Vale
As dúvidas sobre o ritmo de crescimento da China não mudaram os planos de expansão da Vale. Até junho, a mineradora espera obter o aval do Conselho de administração para tirar do papel o projeto Serra Sul, no Pará, orçado em US$ 19,5 bilhões. Se aprovado, o investimento da Vale programado para os próximos quatro anos sobe para um total de US$ 54,5 bilhões.
"Em um chute só, vamos adicionar mais de 90 milhões de toneladas (a nossa capacidade de produção)", afirmou o presidente da Vale, Murilo Ferreira, ao lembrar que a companhia levou 16 anos para conseguir ampliar a produção na região para cerca de 100 milhões de toneladas.
Maior projeto da Vale e da indústria de minério de ferro, o Serra Sul era previsto inicialmente para entrar em operação no segundo semestre de 2014. Mas, desde o fim do ano passado, a companhia já trabalha com um novo cronograma para o empreendimento: o segundo semestre de 2016. O atraso teve como pano de fundo dificuldades na obtenção do licenciamento ambiental.
Em palestra na Associação Comercial do Rio de Janeiro, o executivo descartou uma desaceleração no ritmo de crescimento da China. "A demanda por minério na China cresceu 6% no primeiro trimestre, quando todos achavam que viria abaixo. Essa é a China que nos surpreende a cada dia", afirmou. E completou: "Não estamos preocupados com o que acontece neste trimestre, no semestre e nem no ano seguinte."
O dinamismo da gigante asiática, lembrou, é que vem sustentando os ambiciosos planos de expansão da mineradora. Sozinha, a China respondeu por 32% da receita da companhia no ano passado. Por importar mais de 60% do minério de ferro que consome, Ferreira acredita que a China está cada dia mais dependente do insumo produzido no Brasil e na Austrália.
Um cenário que exige novas estratégias da companhia. Uma delas é construir centros de distribuições no Oriente Médio e no sudeste asiático. "Não posso estar preocupado com a visão do jornal de amanhã. Temos que estar preparados para produzir os produtos que a China, o Japão e a Coreia vão precisar no futuro", disse.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) tem perspectivas "cinzentas" para os países exportadores de commodities neste ano e em 2013. As cotações, inclusive as do petróleo, devem cair por causa do declínio da atividade econômica mundial.
Diante desse cenário, o Fundo recomenda aos países afetados "aproveitar as vantagens" dos preços ainda altos para prepararem-se para os tempos de vacas magras.
A receita é direcionada especialmente aos países de baixa renda e exportadores de commodities alimentares. "Os riscos de deterioração considerável do crescimento mundial também traz o risco de um ajuste ainda mais para baixo nos preços das commodities", informou o FMI no capítulo quarto do Panorama da Economia Mundial, conjunto de documentos a ser divulgado na próxima semana, durante a reunião de primavera do Fundo e do Banco Mundial.
"O panorama mundial é um tanto cinzento", resumiu Rupa Duttagupta, economista-sênior do FMI e líder da equipe responsável por esse estudo.
A perspectiva, se confirmada, deverá atingir o Brasil. Porém, de forma menos intensa em comparação com economias cujas exportações de commodities correspondem a quase a totalidade de seus embarques líquidos ao exterior. Os mais atingidos tendem a ser Angola, Líbia, Nigéria, Omã e Arábia Saudita, além de outros exportadores de petróleo, segundo os estudos do Fundo. No caso do Brasil, o café será dos mais afetados, além dos metais.
Novos revezes
Ainda ontem, economistas do FMI destacaram a possibilidade de a economia global passar por novos revezes, com consequências para a retomada da atividade. Primeiro, a expansão nos mercados emergentes tende a esfriar, especialmente na China, depois de ter impulsionado a ligeira recuperação da crise de 2008. Segundo, o risco de a Espanha vir a necessitar também de socorro financeiro, depois dos mais recentes esforços da Europa de enfrentar a crise da dívida pública no continente.
De acordo com Rupa, os mercados emergentes e países em desenvolvimento foram resilientes durante a crise mundial, especialmente por causa do valor elevado das commodities.
O Fundo alertou para o risco de um aumento de 30% no preço do petróleo no caso de redução acentuada nas exportações de petróleo do Irã a partir de julho deste ano. O impacto será temporário e, de qualquer forma, o conjunto das commodities continuará em queda, insistiram os economistas.
Aposentados de 65 anos ou mais têm isenção extra de IR, mas há “pegadinha” em 2024
Esquerda não gostou de “solução” para o rombo compartilhada por Haddad; o que diz o texto
A “polarização” no Copom e a decisão sobre a taxa de juros
Bolsonaro 5 x 4 Lula: BC se divide sobre juros e indica rumo após saída de Campos Neto
Deixe sua opinião