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Sting: sem dom para as rimas | Arquivo Gazeta do Povo
Sting: sem dom para as rimas| Foto: Arquivo Gazeta do Povo

Washington, EUA – O Fundo Monetário Internacional (FMI) baixou de 4,2% para 4% a previsão de crescimento econômico para o Brasil em 2008 e manteve em 4,4% a expansão estimada para este ano. A economia brasileira passou sem grandes danos pela turbulência financeira dos últimos meses, segundo a avaliação dos economistas do Fundo, e continua a demonstrar vigor. Mas o país ainda tem de percorrer um bom caminho para consolidar a melhora das contas públicas e alcançar o grau de investimento, disse ontem o diretor-adjunto de Pesquisa Econômica do FMI, Charles Collyns.

O governo pode ao mesmo tempo manter a disciplina fiscal e aumentar o investimento público, segundo Collyns, se o orçamento federal se tornar mais flexível. Disciplina fiscal é também a receita do FMI para quem precisa lidar com a enxurrada de dólares, destacada no relatório como um grande desafio para a América Latina. A produção regional deve crescer 4,9% neste ano e 4,2% em 2008. A inflação latino-americana deve passar de 5,2% para 5,8%, com os preços de alimentos contribuindo fortemente para o aumento do custo de vida.

A alta de preços deve ser mais acelerada também no Brasil, mas continuará abaixo da meta oficial. Os economistas do Fundo calculam 3,6% para este ano e 3,9% para 2008. Estes números correspondem à variação média em cada ano e por isso não são comparáveis com as taxas divulgadas no Brasil, em geral referentes a fins de períodos.

Argentina e Venezuela continuarão a ser os campeões da inflação na América Latina. A inflação venezuelana subirá de 18% em 2007 para 19% em 2008, segundo a projeção do FMI, e a alta de preços na Argentina passará de 9,5% neste ano para 12,6% em 2008. Mas a estimativa da inflação argentina é muito insegura, segundo Collyns, por causa dos controles de preços.

A atual expansão econômica da América Latina é a mais longa desde os anos 60, mas a região continua "na rabeira da liga do crescimento". Os governos "deveriam aproveitar as atuais condições para avançar nas reformas necessárias a um crescimento maior do investimento e da produtividade". Ineficiência do setor público, intermediação financeira limitada, infra-estrutura deficiente e ampla desigualdade de renda são obstáculos a um melhor desempenho, segundo o relatório.

Não só esses fatores prejudicam o poder de competição dos latino-americanos. O grande influxo de dólares tem contribuído para a valorização das moedas locais, encarecendo as exportações e barateando as importações do Brasil e de outros latino-americanos. No ano passado, segundo o estudo, o ingresso de moeda estrangeira foi relacionado principalmente ao desempenho do comércio exterior, favorecido pela demanda internacional e bons preços dos produtos básicos. O superávit externo está em queda este ano, mas o fluxo de dólares continuou a crescer, alimentado por investimentos em papéis e operações bancárias, "especialmente na Argentina, no Brasil e na Colômbia".

No Brasil, o ingresso de dólares no primeiro semestre deste ano foi o dobro do verificado no mesmo período de 2006, levando o real ao nível mais alto em sete anos, na comparação com o dólar, "apesar da pesada intervenção" do Banco Central.

O aumento de gastos públicos, facilitado pelo aumento da receita tributária, contribuiu, em alguns casos, para o superaquecimento da demanda e para a elevação das pressões inflacionárias. Com isso, agravou-se o dilema da política monetária: tornou-se mais arriscado baixar juros, por causa dos preços em alta, mas juros elevados são um atrativo a mais para o ingresso de dólares. Não se pode cuidar dos dois problemas ao mesmo tempo, e este é um dos argumentos a favor de maior controle fiscal para enfrentar a valorização cambial.

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