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Parque eólico na Califórnia, EUA. País retomou o posto de maior investidor em energias limpas. |
Parque eólico na Califórnia, EUA. País retomou o posto de maior investidor em energias limpas.| Foto:

A ideia de que a energia eólica é "cara e inconsistente" tem perdido adeptos. Não foi por acaso que, na última década, a capacidade instalada de usinas eólicas no mundo aumentou quase 13 vezes, chegando a 94 GW – o equivalente a quase todo o parque elétrico brasileiro. "Até 2017 essa capacidade quase dobrará, chegando a 170 GW. Não é possível que o mundo todo esteja errado", avalia Ivo Pugnaloni, diretor da consultoria Enercons, de Curitiba.

Em relação aos preços, o próprio presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, disse recentemente que a realização de um leilão exclusivo para energia eólica, que o governo programa para este ano, "servirá para mostrar o seu real valor no Brasil". "A vantagem é que se vai descobrir o valor real da energia eólica. Todos falam que é alto, mas qual é esse preço? Como o Brasil tem um potencial muito grande, eventualmente a gente pode ser surpreendido na hora da competição."

É fato que a energia dos ventos já é mais barata que algumas opções térmicas – como o óleo combustível, fonte de 41 das 81 novas termelétricas previstas pela EPE. Há dois meses, em fórum realizado em Florianópolis, o presidente do Instituto Acende Brasil, Cláudio Salles, afirmou que o preço "real" de usinas a óleo combustível é de R$ 380 por megawatt-hora (MWh), mais de 50% acima do valor da energia eólica, de R$ 240 por MWh. No entanto, disse ele, a fórmula usada nos leilões de energia faz com que a energia do óleo caia artificialmente para cerca de R$ 140 por MWh.

A causa seria uma distorção no método de cálculo, que considera as térmicas como complementares às hidrelétricas, funcionando principalmente quando os lagos estão muito baixos – por não operarem o tempo todo, o custo total da energia das termelétricas acaba caindo. No mesmo fórum, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, também apontou a suposta distorção, e avisou ter solicitado ao Ministério de Minas e Energia, à EPE e à Aneel o recálculo das planilhas de termelétricas nos próximos leilões.

Pugnaloni defende que, caso as planilhas não sejam revistas, ao menos se estenda a mesma fórmula de cálculo das térmicas às eólicas. Recebendo o status de complementares às hidrelétricas, as "usinas de vento" teriam preços mais competitivos. "É exatamente nos meses de menos chuva, quando é preciso reduzir o uso de hidrelétricas, que se constatam as maiores velocidades e quantidades de vento no Brasil", afirma. "Com uma fórmula justa, o conjunto hidráulico-eólico seria imbatível em preços e confiabilidade de fornecimento. E nos livraria da dependência de combustíveis fósseis, cujo preço e abastecimento são inconstantes, como provam os episódios com o gás boliviano."

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