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Cadeia produtiva

Fornecedores entram em férias forçadas

Cerca de 5 mil funcionários de empresas sistemistas e de autopeças estão parados à espera de uma solução entre a Volks e os metalúrgicos

Tempo livre- Os metalúrgicos de empresas fornecedoras estão aproveitando a folga inesperada com a greve da Volks. O montador Luís Carlos Machado (na foto), da Benteler, está em casa há mais de duas semanas e vem ocupando o tempo livre para resolver algumas pendências, como organizar a documentação referente à aposentadoria. “Normalmente não dá tempo de resolver essas coisas. Estou acertando alguns detalhes, colocando em ordem papéis com advogados, procurando as empresas em que trabalhei e que não me pagavam adicionais”, listou | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
Tempo livre- Os metalúrgicos de empresas fornecedoras estão aproveitando a folga inesperada com a greve da Volks. O montador Luís Carlos Machado (na foto), da Benteler, está em casa há mais de duas semanas e vem ocupando o tempo livre para resolver algumas pendências, como organizar a documentação referente à aposentadoria. “Normalmente não dá tempo de resolver essas coisas. Estou acertando alguns detalhes, colocando em ordem papéis com advogados, procurando as empresas em que trabalhei e que não me pagavam adicionais”, listou (Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo)
Veja como funciona a relação da Volkswagen-Audi e seus fornecedores |

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Veja como funciona a relação da Volkswagen-Audi e seus fornecedores

A greve dos metalúrgicos da Volkswagen não paralisou apenas a fabricação de veículos da planta de São José dos Pinhais: boa parte de seus fornecedores de peças e sistemas também está parada. Pelo menos 5 mil funcionários dessas empresas estariam em "férias forçadas", segundo levantamento do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC). Boa parte dos principais fornecedores, entre sistemistas e autopeças que abastecem a unidade fabril, opera exclusivamente para a Volks e no sistema "just in time", onde os componentes são encaminhados à linha de montagem ao mesmo tempo em que os automóveis são produzidos.

Só no Parque Industrial de Curitiba (PIC) são cerca de 1,8 mil pessoas que foram dispensadas temporariamente do serviço até que a situação se normalize. O local fica ao lado do complexo Volkswagen Audi e abriga 16 empresas. Destas, apenas duas atendem a outras montadoras, além da alemã. Os demais trabalhadores de folga forçada (cerca de 3 mil) estão espalhados pelos outros fornecedores, localizados na própria fábrica e na região, de acordo com o SMC. "As pessoas aguardam em casa uma definição. Muitas até participam das assembleias realizadas com os trabalhadores da Volks", afirma Célio Padilha de Barros, delegado sindical e operador de máquina da Benteler, que possui cerca de 300 colaboradores no PIC. "Lá só não está totalmente parado por que também mandamos peças para a fábrica de São Paulo", complementa.

Informações do Sindicato dos Metalúrgicos dão conta de que 80% do condomínio industrial está às moscas. A reportagem tentou, sem sucesso, essa confirmação com algumas empresas que atuam na área. Somente a Metagal, responsável pelo sequenciamento de retrovisores e de tanque de combustível, aceitou falar sobre assunto, comunicando a dispensa total dos funcionários até o fim da greve na Volks. "Temos um estoque para 4 a 5 dias caso ocorra o retorno imediato", informou um executivo do departamento comercial da empresa, a única também a comentar os prejuízos da paralisação. Segundo ele, a atual greve representa uma perda superior a 8% do faturamento total da Metagal, que possui outras unidades em Minas Gerais e São Paulo.

Na Peguform, fornecedora de para-choques e peças plásticas, os 700 funcionários continuam cumprindo expediente, já que a empresa atende ainda Renault, Nissan e Peugeot. No entanto, o volume de trabalho reduziu desde a greve, uma vez que 50% da produtividade é direcionada à Volks. Cenário parecido vive a Thyssen Krupp Presta e os seus 45 funcionários que desenvolvem barra de direção para o setor automotivo e tem na marca alemã o destino para 70% da linha, conforme dados do SMC.

Tsunami

Mesmo sem mensurar em números os prejuízos, o presidente no Paraná do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), Benedito Kubrusly, afirmou que o longo tempo de paralisação poderá se transformar em um tsunami, especialmente financeiro, para as empresas fornecedoras, colocando em risco até a permanência delas no estado. Na visão dele, o problema atual é apenas um dos fatores que estão forçando as companhias repensarem a instalação ou permanência de suas plantas no Paraná, citando também o elevado custo logístico e de mão de obra do estado.

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