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Entrevista

“Sindicato impôs uma condição sem negociação. Questão só pode avançar se houver flexibilidade”

Nilton Junior, diretor de relações trabalhistas da Volkswagen

A greve dos trabalhadores da fábrica de São José dos Pinhais é a paralisação mais longa da Volkswagen no mundo e a mais longa da história entre as montadoras do estado. Para o diretor de relações trabalhistas da marca, Nilton Junior, falta flexibilidade e estabilidade por parte dos colaboradores. Ele também diz que a negociação deve ocorrer entre a montadora e os trabalhadores – e que não caberia à Justiça solucionar a questão. Veja os principais trechos da conversa:

Como está a negociação para o fim da greve?

Nós estamos abertos. O fato é que o sindicato impôs uma condição sem negociação. Quando as duas partes sentam em uma mesa é preciso estar aberto, coisa que não ocorre com o sindicato, que manteve a posição desde o início. A questão poderia avançar se tivesse flexibilidade.

Diante de tantos dias parados, qual a melhor forma de encerrar a situação?

Não há mais possibilidade de encontrar um ponto ideal. É preciso refletir para minimizar o impacto.

Existe a possibilidade de a greve ser decidida na Justiça, pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT). O que o senhor acha disso?

Com todo o respeito à Justiça do Trabalho, mas a negociação deve ser solucionada pelos atores.

O Sindicato reclama que os trabalhadores do Paraná recebem menos que outros funcionários. O que o senhor tem a dizer?

Nos últimos três anos, o salário médio da Volkswagen de Curitiba teve índice de aumento de 40% em comparação com outras marcas e 33% de aumento em relação a outras regiões do país. Comparando com a unidade instalada na mesma época [fábrica de São Carlos, no estado de São Paulo], o salário é 25% superior.

O sindicato também alega que a fábrica de São José dos Pinhais opera 10% acima da capacidade?

Não concordo com a afirmação. A Volks do Paraná não produz a 110% da capacidade instalada. Hoje, são produzidos 840 carros/dia, e poderia produzir mais. A planta atual tem condições para isso.

Quantos carros deixaram de ser produzidos e qual o prejuízo financeiro da Volks?

A fábrica deixou de produzir mais de 18 mil carros. Quanto aos prejuízo financeiro, não faz parte do meu departamento e não saberia dizer. Mas, com certeza, o principal prejuízo é o desgaste entre os trabalhadores.

A paralisação atual pode ter interferência na negociação da data base no início de setembro?

Esse modelo de começar a greve desde o início das negociações não pode ser reproduzido na data base. Já gerou muito prejuízo. É preciso pensar como fazer para evitar a paralisação. Se não fizermos nada para mudar, teremos problemas lá na frente.

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