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| Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Estimativas

Mercado eleva previsão para inflação e dólar

A artilharia contra a disparada do dólar, apresentada na semana passada pelo Banco Central, foi insuficiente para que analistas do mercado barrassem o movimento de alta das previsões para a inflação deste e do próximo ano.

Conforme a pesquisa Focus divulgada ontem, a estimativa para a cotação da moeda norte-americana ao fim de 2013 foi revista de R$ 2,30 para R$ 2,32. Para 2014, a projeção subiu R$ 0,05, chegando a R$ 2,35.

Outro destaque foi uma nova queda nas previsões para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), justo na semana em que o IBGE divulga a taxa relativa ao segundo trimestre. Os analistas baixaram as projeções tanto para este ano (de 2,21% para 2,20%) quanto para 2014 (de 2,50% para 2,40%).

Em relação à taxa básica de juros, a Selic, a previsão consensual que o mercado vem apresentando há algumas semanas é que amanhã o Banco Central vai elevar a taxa em 0,50 ponto, para 9% ao ano.

A percepção de um avanço mais forte da taxa básica até o fim do ano se dá ao mesmo tempo em que os analistas veem aumento da inflação. Há uma semana, os analistas esperavam um IPCA de 5,74%; agora, preveem 5,80%. A estimativa para 2014 foi de 5,80% para 5,84%.

Agência Estado

Alta de 0,5 ponto

...na taxa básica de juros é o que o mercado espera para amanhã, quando o Banco Central define o patamar da Selic. Atualmente, ela está em 8,5% ao ano.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que os países emergentes atravessam uma "minicrise" com o movimento de fluxo de capitais para os Estados Unidos. Declarou, contudo, que a economia brasileira continua sólida. "Temos mais reservas e menor dívida pública do que em 2008", afirmou o ministro.

Apesar da intervenção do Banco Central, que vendeu quase US$ 500 milhões no mercado futuro, a moeda norte-americana voltou a subir ontem, após dois dias de trégua. O dólar comercial, usado no comércio exterior, subiu 1,31%, para R$ 2,384. O dólar à vista, referência para o mercado financeiro, fechou em alta de 0,76%.

De acordo com Guilherme Prado, especialista em câmbio da Fitta, o plano do Banco Central – de injetar até US$ 54,5 bilhões no mercado para conter a escalada da moeda americana – não é tão eficiente porque ainda permanecem as incertezas sobre quando o Federal Reserve, banco central dos EUA, vai começar a cortar o estímulo econômico naquele país.

Segundo o ministro da Fazenda, embora o real esteja entre as moedas que mais se depreciaram recentemente, o Brasil "não perdeu nenhum tostão" das reservas internacionais. "Mas a desvalorização desta forma não é positiva para ninguém", admitiu Mantega.

De acordo com ele, dependendo da duração do movimento de alta do dólar, isso poderá trazer efeitos sobre os preços. Contudo, ponderou que o fenômeno de repasse do câmbio para a economia depende da realidade de cada país.

"A turbulência vai amainar e vamos chegar a um câmbio de equilíbrio, que eu não sei qual é. Não acredito que vamos ter permanente desvalorização de moedas de países emergentes, até porque não é interessante para economias avançadas."

A ideia, segundo afirmou Mantega ao comentar as intervenções do Banco Central, é apenas "atenuar a elevação do câmbio, que foi excessiva", dizendo que é necessário adaptar aos poucos os agentes econômicos à mudança desse preço relativo.

Gasolina

Mantega também disse ontem que não há previsão para reajuste da gasolina.

Análise - País tem de "queimar" parte das reservas cambiais, diz economista

Agência Estado

O diretor do Instituto de Estudos de Política Econômica (Iepe) da Casa das Garças (CdG), Edmar Bacha, membro da equipe econômica que criou o Plano Real, afirmou ontem que o governo "precisar queimar um pouco de reservas cambiais" para sinalizar ao mercado que se preocupa com a apreciação do dólar.

Para ele, as ações em derivativos e nas linhas cambiais no mercado futuro – foco da atuação do Banco Central – podem ser insuficientes para segurar a alta na moeda dos Estados Unidos porque não dão a liquidez necessária do mercado à vista. "Tem de estar disposto a queimar um pouco de reserva, porque só atuar em derivativos e nas linhas, não é suficiente", disse Bacha.

O economista disse que ainda é difícil avaliar se o dólar no atual patamar de R$ 2,40 é bom ou ruim para os empresários. "Eu não gosto de discutir se chegou ou não ao câmbio que eu queria, porque não é esse o ponto. O ponto é ter um programa estruturado, consensual, planejado e não ficar reagindo às contingências do momento, como está acontecendo agora."

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