A semana que começou com voos cancelados por conta das cinzas do vulcão chileno Puyeche promete mais transtornos para os brasileiros que passarem pelos aeroportos de Brasília, Guarulhos e Campinas. Nesta segunda-feira (17), os funcionários da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) aprovaram uma greve de 48 horas a partir de quinta-feira contra o modelo de privatização adotado pelo governo para os aeroportos.
Segundo o presidente do Sindicato Nacional dos Aeroportuários (Sina), Francisco Lemos, é preciso alertar a sociedade para os riscos da transferência para a iniciativa privada de atividades como a segurança aeroportuária. "A quem a população vai cobrar se os serviços oferecidos forem precários? Hoje, a sociedade pode cobrar do governo", argumentou.
Para Lemos, o governo deveria privatizar apenas a área comercial dos aeroportos, deixando o segmento de infraestrutura nas mãos da União. "Os empresários trabalham com um conceito de aeroshopping. Mas, isso pode ser perigoso porque deixa em posição secundária as operações de aviação", explicou.
O presidente do sindicato lembra que apenas 15% dos aeroportos do mundo são privatizados e que 98% dos acidentes acontecem durante as manobras de pouso ou decolagem. "A paralisação é para alertar a sociedade dos riscos de entregar à iniciativa privada a atividade fim dos aeroportos", disse. Ao final do protesto, a categoria pretende se reunir novamente para decidir se prorrogam a greve.
Inicialmente, a greve vai mobilizar apenas os três aeroportos - Guarulhos, Brasília e Campinas - que já estão no cronograma de privatização do governo. A expectativa é de que os leilões aconteçam até o início de 2012. Juntos, os aeroportos têm 3 mil funcionários. Mas, Lemos acredita que a paralisação possa mobilizar também trabalhadores de outros aeroportos. Ao todo, a Infraero tem 15 mil funcionários.
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