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A participação dos minoritários teve papel decisivo na história das lojas Renner, antes mesmo do termo governança corporativa se fazer presente no meio empresarial. Quando foi criada, em 1912, a companhia gaúcha era filial de uma empresa do setor têxtil, administrada pela família Renner. Em 1940 ela se tornou uma loja de departamentos e, em 1967, abriu o capital.

As ações da empresa começaram a fazer parte dos fundos administrados pela Investidor Profissional (IP) no início dos anos 90, quando a companhia gaúcha iniciava também seu processo de expansão para o restante do país. Na época, no entanto, elas tinham pouca liquidez – reflexo do distanciamento entre empresa e mercado. Por isso, entre 1994 e 1998, a gestora de recursos manteve um contato estreito com a companhia. "O caso Renner marcou o início dessa nova fase que estamos vivendo no mercado de capitais brasileiro. Ele inspirou novos regulamentos e condutas no que diz respeito à relação investidores e empresa", diz o economista Bruno Levacov, um dos sócios da IP.

Para o diretor administrativo e de relações com investidores da Renner, José Carlos Hruby, a participação do IP-Participações e de outros fundos com cotas minoritárias foi um passo importante para a companhia. "Eles nos incentivaram, por exemplo, a buscar investidores internacionais para o negócio e indicaram membros para o conselho administrativo", lembra o diretor. Neste período, segundo dados do IP Participações, as ações da empresa subiram 1150%.

Em 1998, a gigante norte-americana do varejo JC Penney adquiriu o controle acionário da rede – que até então estava nas mãos da família Renner – com o objetivo de fechar o capital da empresa. Na oferta pública para recompra de 70% das ações da companhia, a JC Penney ofereceu R$ 23,71, em média, para cada ação. "As condições eram extremamente desfavoráveis aos minoritários. O preço era muito baixo", diz Levacov. A IP fez uma reclamação formal junta à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) – que cancelou a oferta – e organizou a atuação dos minoritários. Dias depois, uma nova proposta, de R$ 25, também foi recusada. Só em janeiro de 1999 a JC conseguiu comprar as ações por R$ 37,61% – valor 60% superior ao oferecido inicialmente.

No ano passado a norte-americana vendeu toda sua participação (97,7% da companhia) e deixou a administração da Renner. Hoje a companhia tem o capital pulverizado, segundo Hruby, entre acionistas que tem menos de 5% do capital. Em maio de 2005 todas as suas ações foram transformadas em ordinárias e a companhia aderiu ao Novo Mercado – classificação da Bovespa para empresas listadas que mantêm as melhores práticas de governança corporativa. "Faz parte da nossa política estar próximo dos nossos acionistas e ser transparente. Isso é fundamental e esse contato está presente no nosso dia-a-dia."

A Renner também mantém um conselho de administração permanente, do qual fazem parte cinco membros independentes e o presidente da companhia. "As normas do Novo Mercado exigem que 20% dos membros sejam conselheiros independentes. Estamos acima disso, com 80%."

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