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Confira o ranking dos tipos de fundo, segundo o patrimônio líquido |
Confira o ranking dos tipos de fundo, segundo o patrimônio líquido| Foto:

Futurologia: Juros básicos abaixo de 10%

A taxa básica Selic pode descer, pela primeira vez, para um dígito. Além de analistas já começarem a projetar que a Selic alcance os 9% até dezembro, os juros no mercado futuro passaram a apontar tal cenário na semana passada. No pregão da Bolsa de Mercadorias & Futuros, o contrato que vence na virada do ano encerrou as operações na semana passada projetando 9,94% anuais. Isso significa que os investidores começam a confiar na hipótese de a Selic alcançar tal patamar. Mas, para que os juros sigam em rota de queda, será necessário que a inflação arrefeça e se mantenha controlada. Qualquer nova ameaça inflacionária poderia levar o BC a rever o processo de redução dos juros que está em andamento.

São Paulo - O aprofundamento do processo de redução da taxa básica de juros vai ter reflexos no retorno dos fundos de investimento. Por suas características, os fundos DI são os primeiros a sentirem o impacto desse movimento. E o investidor começa a demonstrar estar desconfortável com isso.

Os fundos DI estão entre as poucas categorias que têm perdido recursos neste ano. Até o dia 10, esses fundos haviam sofrido saques líquidos de R$ 2,06 bilhões. Apenas os multimercados, que são aplicações que carregam mais riscos, bateram o DI, com captação negativa de R$ 5,98 bilhões no período. Como ninguém duvida que os juros vão seguir em queda nos próximos meses, a rentabilidade dos fundos DI vai encolher mais até o fim do ano. Em 2008, o DI deu retorno médio de 12,1%. Para este ano, a expectativa é que a rentabilidade recue para cerca de 10,5%. "O problema é que enfrentamos um momento extremamente volátil no mercado. Há um processo de queda dos juros em um cenário de grande incerteza, ou seja, a situação não é tranquila para os investimentos de maior risco, como a Bolsa’’, afirma Renato Ramos, diretor de renda fixa da HSBC Global Asset Management. "Dessa forma, é mais razoável o investidor manter o dinheiro em um porto seguro, mesmo rendendo menos. Não é hora de tentar compensar a queda dos juros com um investimento mais arriscado’’, afirma Ramos.

Na semana passada, o Copom reduziu a taxa básica Selic de 12,75% para 11,25% ao ano, sendo esse o menor patamar desde 1986, quando a taxa foi criada. Para o fim do ano, já há quem projete que a Selic estará abaixo de 10%. A carteira dos fundos DI é formada por títulos públicos e privados pós-fixados, que acompanham de perto a oscilação da taxa básica. Segundo a definição da Anbid, esses fundos têm que investir, no mínimo, 95% da carteira em papéis que busquem acompanhar as variações do CDI ou da Selic. O CDI (Certificado de Depósito Interbancário) é negociado entre os bancos e tem retorno próximo ao da taxa Selic.

Alexandre Maia, economista-chefe da Gap Asset Management, diz que "na medida em que a inflação arrefece, o BC vai ficando mais confortável para alongar o ciclo de redução da Selic’’. Para Maia, a Selic deve estar próxima da faixa dos 9% no fim do ano. A taxa Selic é definida em reuniões periódicas pelo Comitê de Política Monetária (Copom), formado por diretores e o presidente do BC, e serve de parâmetro para as outras taxas praticadas no mercado financeiro. "O brasileiro tem de começar a entender que rentabilidades nominais altas em aplicações de baixo risco é uma coisa que não devemos voltar a vivenciar nos próximos anos. Quem desejar rentabilidades mais expressivas, vai ter de aceitar correr riscos maiores’’, afirma Maia.

Nos últimos 12 meses, o fundo DI está com ganho acumulado de 12,44%. A renda fixa, concorrente direto no segmento de aplicações que pagam juros, registrou retorno de 13,05% nesse período. Apesar de também ser composto por títulos que pagam juros, os fundos de renda fixa carregam mais títulos prefixados (com taxas definidas na hora da aplicação). Dessa forma, a renda fixa, de um modo geral, sofre menor impacto do processo de queda da Selic. Porém, nos períodos em que a taxa sobe, como no ano passado, a categoria pode se mostrar menos rentável que o DI. As oscilações dos juros no mercado futuro também têm reflexos no retorno da categoria. No ano, a renda fixa tem atraído os investidores, estando com captação líquida (diferença entre aplicações e saques) positiva de R$ 4,19 bilhões.

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