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Brasília (Das agências) – A missão brasileira que foi à China negociar um acordo de autolimitação das vendas de produtos chineses ao Brasil não conseguiu resultados concretos. Uma nova reunião deverá ocorrer em breve, segundo o ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento). Embora não tenha obtido um acordo definitivo, o ministro não qualificou a viagem como um fracasso. "Desde o começo nós tínhamos em mente que não iríamos a Pequim para assinar qualquer acordo. Nós buscamos um acordo que fosse importante e ao mesmo tempo positivo paro o lado brasileiro. Como não chegamos ao ponto que queríamos, preferimos deixar isso para uma segunda etapa", disse.

Segundo Furlan, 80% do trabalho já está concluído, em especial nos produtos das áreas de têxteis e confecções. Mas há outros entraves, como a divergência sobre as estatísticas, que não coincidem. Ele reafirmou ainda aos chineses que a futura regulamentação das salvaguardas é um direito brasileiro que não pode ser interpretado como um gesto de ofensa. Para o ministro, ainda assim um acordo é melhor para o Brasil porque pode ser utilizado no curto prazo, enquanto há todo um processo para aplicação de salvaguardas.

"O que deixamos claro é que, se não conseguirmos levar adiante um acordo, o caminho provável poderá ser a questão da utilização das salvaguardas. Mas nós pretendemos esgotar primeiramente a busca de um acordo", avalia. Com o instrumento de salvaguardas, o Brasil poderá impor um limite de importação a um determinado produto chinês ou cobrar uma taxa extra se for comprovado que essa importação afeta a indústria nacional.

Um dos motivos que atrapalhou o avanço nas negociações é o fato de na próxima semana ser feriado na China. Os técnicos de ambos os lados trocarão propostas escritas até um novo encontro entre Furlan e o ministro do Comércio chinês, Bo Xilai. Furlan lembrou ainda que, no caso das negociações do país asiático com os EUA, a China já está na quinta reunião. "Essas coisas não se resolvem de um momento para outro. Negociação é uma prática de muita paciência e, ao mesmo tempo, de busca de convergências e não de ressaltar divergências."

Indignação

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) criticou ontem o fracasso nas negociações entre o Brasil e a China. Em nota à imprensa, a entidade paulista destacou que vê "com indignação as intenções ministeriais em não regulamentar as salvaguardas específicas contra a China".

A Fiesp informou que realiza o acompanhamento técnico da missão brasileira à China, representando o interesse de mais de 20 setores afetados pelo estágio atual do comércio bilateral. A entidade salientou que "não abrirá mão" de apoiar a decisão da Câmara de Comércio Exterior (Camex), no sentido de regulamentar o instrumento de defesa comercial.

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