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Quem ganha e quem perde

Veja quem será beneficiado, e quem tende a ser prejudicado, caso a fusão entre Carrefour e Pão de Açúcar seja consumada.

VENCEDORES

BTG Pactual

Por meio de seu fundo Gama, o banco receberá financiamento bilionário do BNDES (R$ 3,91 bilhões) e usará capital próprio (R$ 690 milhões) para assumir uma posição importante no Carrefour e na empresa que, se formada, será a maior varejista do Brasil, com cerca de 28% do mercado nacional. Em janeiro, o BTG havia comprado o Banco PanAmericano, de Silvio Santos.

Abílio Diniz

Depois de juntar o seu Pão de Açúcar às varejistas Ponto Frio e Casas Bahia, o empresário consolida sua posição de liderança também no setor de supermercados. E afasta a possibilidade de que os franceses do Casino assumam o controle do Pão de Açúcar – algo que eles estudavam fazer no ano que vem.

Carrefour

"Rebaixada" à segunda colocação do ranking brasileiro de supermercados após o avanço do Pão de Açúcar, a rede francesa recupera fôlego em um momento delicado de suas operações no Brasil, que sofrem com baixa rentabilidade.

PERDEDOR

Casino

Maior concorrente do Carrefour na França, o Casino corre o risco de ver seu rival assumir fatia expressiva do negócio que ele sonhava controlar a partir de 2012. Mas promete bloquear as negociações. O Brasil é um dos maiores mercados do Casino no mundo: seu faturamento no país é igual ao que tem na França.

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O impacto da criação de uma gigante do varejo formada por Pão de Açúcar e Carrefour está concentrado principalmente no Sudeste do país, onde ambas têm o maior número de lojas. No Paraná, pelo menos a princípio, os efeitos devem ser pequenos, já que, juntas, as duas redes possuem apenas 12 lojas – pouco se comparado aos números da norte-americana Walmart, que tem 50, e das paranaenses Muffato (32) e Condor (30).

A fusão favorece, por outro lado, um movimento de aquisições de redes regionais. Tanto da nova empresa, que, fortalecida, pode ir às compras, quanto da rival Walmart em busca de uma reação de mercado mais rápida. A avaliação é de Olavo Henroque Furtado, coordenador de pós-graduação e MBA da Trevisan Escola de Negócios. "Estamos vivendo uma nova fase de fusões no varejo", afirma.

A última grande aquisição no mercado do Paraná foi justamente do Walmart, que adquiriu em 2005 os ativos do português Sonae, que detinha as bandeiras BIG, Mercadorama e Maxxi Atacado. Cinco anos antes, o grupo Pão de Açúcar havia comprado a rede de supermercados paranaense Parati, com 11 lojas. Na época, as unidades foram transformadas em lojas de vizinhança de alto padrão com o mesmo nome da rede. Os resultados, no entanto, frustraram as expectativas do grupo de Abílio Diniz, o que culminou no fechamento de algumas lojas. Hoje há apenas quatro unidades do Pão de Açúcar no Paraná, todas em Curitiba.

Com a fusão, o Pão de Açúcar deve aumentar sua presença no Brasil em 58%, passando de 113 municípios para 178. A rede de Abílio Diniz passa a operar em oito estados nos quais não atuava: Santa Catarina, Amazonas, Acre, Pará, Rondônia, Rio Grande do Sul, Maranhão e Espírito Santo.

"No Paraná, é possível que haja até mesmo a diminuição do número de lojas, como parte do programa de ganhos de sinergia e redução de custos entre as duas redes. Esse é um risco que sempre existe nesses casos", diz Christian Majczak, da consultoria GO4!, de Curirtiba.

Preços

As duas companhias estimam ganhos de sinergia entre R$ 1,3 bilhão e R$ 1,8 bilhão. Para o consumidor final, no entanto, ainda pairam dúvidas sobre o efeito da fusão nos preços dos produtos. Juntas, as redes Carrefour e Pão de Açúcar terão aproximadamente 27% do mercado varejista no Brasil, o que concede à nova empresa um grande poder de fogo na negociação com fornecedores.

"A questão é saber se esses ganhos serão repassados em forma de preços mais baixos para o consumidor ou se a concentração vai significar melhoria de margens e imposição de preços no mercado", diz Majczak.

Movimento estratégico

A concretização do negócio não deve ser fácil, principalmente por conta do litígio com o francês Casino, que se tornou parceiro de Abílio Diniz em 1999, em meio às dificuldades financeiras do grupo brasileiro. Pelo acordo entre Pão de Açúcar e Casino, a empresa francesa tem a opção de assumir o controle do gigante brasileiro daqui a um ano, indicando um nome para a presidência do Conselho de Admi­nistração.

"Agora, se concretizada, a fusão com o Carrefour permite ao empresário não apenas evitar a perda do controle da sua empresa, como dá a ele participação importante em uma gigante do setor", acrescenta o analista da GO4!.

A estratégia de Diniz, segundo Furtado, também barra uma entrada mais forte de grupos varejistas estrangeiros, como o próprio Casino, principal concorrente do Carrefour na França, no mercado supermercadista brasileiro.

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