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Crise

Ganho real fica mais difícil

Várias categorias obtiveram aumentos acima da inflação nos últimos anos – um benefício que pode não se repetir em 2009

A crise promete pressionar as negociações salariais em 2009. Se nos últimos quatro anos grande parte das categorias conseguiu aumentos reais (acima da inflação), nesse ano os empregados terão que travar um jogo duro para conseguir reajustes. "Será um ano de muitas lutas e muitas greves", diz Roni Anderson Barbosa, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Paraná. As categorias de maior peso – como bancários, metalúrgicos, químicos e petroleiros – têm data-base somente no segundo semestre. Mas quem negocia aumentos nesse início de ano já sentiu que a batalha será árdua. "Teremos uma diminuição do número de categorias com aumento real, mas tudo vai depender dos efeitos da crise em cada setor", afirma Sandro Silva, economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Segundo o Dieese, o número de trabalhadores que tiveram ganho real deu um salto nos últimos anos: passou de 54,7% em 2004 para 87,7% em 2007. Silva chama atenção, no entanto, para o fato de que no primeiro semestre do ano passado – portanto antes do agravamento da crise – esse índice já havia caído para 73,5% – em função da perspectiva de redução do ritmo de crescimento e do avanço da inflação. Dados do segundo semestre ainda não foram fechados, mas mesmo com a turbulência financeira a partir de setembro, categorias importantes conseguiram aumento real no fim do ano.

Os empregados da Volvo e da Renault conseguiram aumento real de 2,66% e os da Volkswagen, de 3,59%. Os bancários alcançaram ganhos de 2,66% acima da inflação, os empregados da indústria da alimentação (1,73%) e vestuário (2,66%) e os metalúrgicos (3%). "A data-base reflete os números do ano anterior. O impacto da crise vai se dar em 2009", acrescenta Silva. No entanto, alguns setores que tiveram data-base no fim do ano passado – como o de aves, carnes e laticínios – as negociações emperraram e ainda não foi fechado acordo. Para maior parte das categorias, a crise vai ser um teste para as discussões salariais.

Os empregados do setor de segurança privada e vigilantes do estado ameaçam entrar em greve no próximo dia 2 de fevereiro contra a proposta de reajuste apresentada pelo sindicato patronal, que prevê aumento de 7,35%. Os empregados querem aumento real de 5% e reposição da inflação pelo INPC, de 6,48%. Entre os setores que vão discutir salários até o fim do primeiro semestre estão comerciários, servidores municipais, construção civil, transportes e hospitais.

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