• Carregando...
No 1º trimestre, o superávit primário alcançou 4,2% do PIB. Veja |
No 1º trimestre, o superávit primário alcançou 4,2% do PIB. Veja| Foto:

Com uma economia para pagamento de juros recorde no mês passado, o governo deu sinais de que está cumprindo a promessa de reduzir gastos para ajudar no combate à inflação e na recuperação do humor dos agentes econômicos. Em março, o superávit primário do setor público fechou em R$ 13,6 bilhões, a melhor cifra para o mês desde o início da série histórica do Banco Central, em 2001.

O bom resultado veio sobretudo do esforço feito pelo governo federal, com saldo primário de R$ 12,8 bilhões, beneficiado pelo aumento da arrecadação de impostos, impulsionada pelo bom desempenho da economia. Com isso, especialistas já esperam que, em abril, o superávit primário chegue próximo a R$ 16 bilhões. E acreditam cada vez mais que será possível cumprir a meta do governo para o ano, de economia de R$ 117,9 bilhões, ou 3% do Produto Interno Bruto (PIB).

De acordo com o BC, o saldo acumulado no primeiro trimestre foi de R$ 39,26 bilhões, o que, em termos anualizados, corresponde a 4,2% do PIB. A meta do ano é chegar a 3%. "Em um quarto do ano, fizemos um terço da meta", comemorou o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel.

Análise

A política de redução de custos anunciada pelo governo de Dilma Rousseff no começo do ano é um dos principais fatores que levaram ao crescimento do superávit primário no país, segundo especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo. Para os economistas, após mudanças bruscas na política fiscal nos dois últimos anos, o Brasil começa a retomar os patamares atingidos antes da crise internacional em 2008, quando o superávit equivalia a cerca de 4% do Produto Interno Bruno (PIB).

"Com a crise, o governo aumentou os gastos e reduziu os tributos, como o IPI sobre a venda dos automóveis. Agora que a crise passou e os efeitos foram superados, tivemos o retorno dos impostos, aliado a um bom crescimento da economia e ao corte de R$ 50 bilhões no Orçamento anunciado pelo governo federal. Há uma política de redução de custos em todas as esferas públicas", avalia o economista e professor do Departamento de Economia da UFPR Marcelo Curado.

A redução de gastos públicos seria ainda uma das estratégias do governo para combater a inflação, justamente como uma maneira de conseguir segurar o ritmo de crescimento da economia e gerar superávit primário. "O governo, no ano passado, exagerou nos gastos e aqueceu a economia com uma politica de crédito muito expansionista e, agora, temos um forte crescimento da inflação. Então, há uma grande preocupação em controlar o Orçamento para combater essa inflação", diz Lucas Dezordi, professor de Finanças Públicas da Universidade Positivo.

Nas esferas estaduais, a contenção de custos públicos adotada este ano seria fruto da necessidade de reorganizar finanças e "fazer caixa" no início dos mandatos. "Isso é comum no ciclo político. Você tenta ajustar a casa nos dois primeiros anos, contendo gastos para depois fazer uma política mais frouxa de investimentos", afirma Curado.

Previsão

Para os especialistas, o crescimento do superávit nas contas públicas tende a se manter nos próximos meses, já que os efeitos do corte de R$ 50 bilhões serão sentidos ainda no decorrer do ano. Segundo o economista da Tendências Consul­toria Felipe Salto, os resultados do primeiro trimestre mostram que o Poder Executivo deve cumprir a meta de superávit primário neste ano, e o déficit nominal – resultado do setor público após o pagamento dos juros – deve baixar um pouco, passando de 2,6% do PIB em 2010 para 2,4% neste ano.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]