Emprego ainda sobe; saldo da balança, não
Para o economista Fabiano Camargo da Silva, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Paraná (Dieese-PR), o crescimento das vagas de emprego formais vai continuar pelos próximos quatro anos. "O Programa de Aceleração do Crescimento [PAC], a realização da Copa do Mundo no Brasil e os investimentos em construção civil, entre outros, garantem um cenário positivo para o emprego nos próximos anos", disse.
O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) aponta que, de janeiro a outubro de 2010, o Brasil gerou 2,4 milhões de postos de trabalho, o maior número da série histórica anual. Também neste ano, 83% das categorias profissionais conseguiram reajustes salariais acima da inflação.
No vermelho
Roberto Zurcher, da Fiep, projeta que o saldo da balança comercial brasileira deve zerar ou ficar negativo em 2011, apontando o início de um processo de desindustrialização movimento que pode reduzir o emprego no setor. "Este é um processo com consequências negativas em toda a cadeia produtiva, que depende da indústria", aponta. (OT)
Os gastos do setor público e a taxa de juros foram colocados na parede ontem, durante o seminário "Discutindo Economia". Para os economistas convidados a falar na sede do Conselho Regional de Economia do Paraná (Corecon-PR), em Curitiba, a manutenção da maior taxa real de juros do mundo que tem, entre suas causas, as despesas crescentes do governo é uma das principais responsáveis pela valorização do real ante o dólar.
Tornando os fundos de renda fixa atrativos para os investidores internacionais, o Brasil inundou sua economia de dólares e, consequentemente, tornou a moeda nacional mais apreciada, explicaram Luciano Nakabashi, da Universidade Federal do Paraná (UFPR); Eugênio Estefanelo, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab); Roberto Zürcher, da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep); e Fabiano Camargo da Silva, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Paraná (Dieese-PR). A mediação foi de Carlos Magno Bittencourt, professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
Os economistas apontaram problemas setoriais causados pela manutenção do câmbio valorizado. Para um país que sustenta sua balança comercial com o setor agropecuário, salientou Estefanelo, o dólar baixo é prejudicial. "Este ano a situação não está tão ruim por causa da quebra de safra na União Europeia, na Rússia e na safra de inverno nos Estados Unidos."
Na indústria, a principal ameaça é a desindustrialização provocada pela perda de competitividade do produto nacional em relação ao similar importado, apontou Zürcher. "Em compensação, as indústrias podem importar máquinas pagando menos, e com isso recuperar a competitividade de seus produtos."
Governo perdulário
Para os economistas, o núcleo do problema está nos gastos do poder público. Além de precisar do capital externo para se financiar, um governo gastador pressiona a demanda interna e faz aumentar o risco inflacionário; com isso, se vê forçado a elevar a taxa Selic. Atualmente, a taxa de juros reais do Brasil é de 5,6% ao ano, mais que o dobro da segunda colocada, a África do Sul, que registra ganhos anuais de 2,2%.
Para Estefanelo, a política de juros do Brasil anda na contramão da economia global. "Com o retorno da liquidez após o fim da crise, as taxas de juros mundo permanecem bem baixas, próximas a 0% nos Estados Unidos e no Japão, por exemplo. No Brasil é o contrário. Nossa política fiscal e monetária está jogando lenha na fogueira", alerta.
Nakabashi ponderou que, além dos juros atraentes, a entrada de capital no Brasil em investimentos diretos, ações e fundos de renda fixa é consequência também de expectativas positivas em relação ao futuro da economia do país.
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