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Fraude no INSS

Gleisi minimiza CPI do INSS e diz que Lula manterá Lupi no cargo

Gleisi Hoffmann
Ministra da articulação política diz que CPI pode se virar contra a oposição por conta das entidades credenciadas durante o governo Bolsonaro. (Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil / arquivo)

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A ministra Gleisi Hoffmann, das Relações Institucionais, afirmou nesta quarta (30) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manterá o ministro Carlos Lupi no comando da Previdência Social enquanto não se provar que teve algum envolvimento no esquema bilionário de desvios no INSS. Ela ainda minimizou a instalação de uma CPI para apurar a fraude, afirmando que a investigação parlamentar pode se virar contra a própria oposição.

Lula tem sido pressionado por aliados e membros do governo a demitir o ministro por ter ficado sabendo dos desvios irregulares de descontos em aposentadorias e pensões desde 2023 e não ter tomado uma atitude contra isso. No entanto, a demissão de Lupi poderia atingir as relações com o PDT, partido presidido pelo ministro e que é um dos mais importantes da base governista.

“Não tem nada contra o Lupi no inquérito, um inquérito de 1,9 mil páginas. O presidente é sempre muito cauteloso em relação à presunção de inocência. Então, se não tem nada que o envolve, não tem motivo pra ser afastado. Ele está fazendo as explicações, se defendendo, e, obviamente, se tiver alguma coisa que, no futuro, venha envolvê-lo, aí não só ele, como qualquer outro ministro tem que ser afastado e o presidente não vai deixar de fazer isso”, disse a ministra em entrevista à GloboNews.

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Gleisi negou que o governo esteja “jogando para a opinião pública” a questão da popularidade e nem fazendo articulação política ao manter Lupi no cargo por conta da relação com o PDT. Ela afirmou que não se pode tomar medidas “histriônicas para ganhar popularidade” e que o fato do ministro ser presidente do partido não interferirá em qualquer decisão do presidente.

A fala, no entanto, contrasta com o posicionamento do líder do PDT na Câmara, deputado Mário Heringer (PDT-MG), que afirmou que a demissão de Lupi seria o mesmo que demitir o próprio partido, sinalizando que a legenda pode desembarcar do governo se isso ocorrer.

A ministra ainda afirmou que, dessa vez, será o próprio presidente quem irá nomear um novo presidente para o INSS, diferente do que ocorreu antes em que o próprio Lupi indicou Alessandro Stefanutto para o cargo – que acabou demitido por Lula horas depois da deflagração da operação pela Polícia Federal. Gleisi, no entanto, não citou nomes e nem prazo para que isso ocorra, mas disse que será “o mais rápido possível” e que o presidente tomou para si essa decisão mesmo sob a presunção de inocência do ministro.

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Ela ainda negou que Lupi tenha tido alguma ordem de Lula para conceder entrevistas e participar de audiências no Congresso para se explicar, e pontuou, ainda, que o presidente deu as devidas determinações para aprofundar a investigação, resolver o problema e evitar que novas fraudes venham a ocorrer.

"O governo está empenhado em fazer todas as investigações e saber quem são os responsáveis, fazer a punição e, realmente, assegurar os direitos. Os descontos de abril já vão ser ressarcidos, e os demais nós precisamos de um instrumento legal para fazê-lo, tanto em cima das entidades que o governo vai cobrar, como em relação até ao seu orçamento próprio", pontuou citando que foi pedida uma urgência na solução, mas sem mencionar um prazo.

Um grupo de trabalho foi designado pelo presidente à Advocacia-Geral da União (AGU) para averiguar como o ressarcimento deve ser feito. Mais cedo, o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, afirmou que o governo vai "encontrar o caminho" para devolver o dinheiro desviado dos aposentados e pensionistas, mas que aguarda este instrumento legal para sinalizar como será feito.

CPI pode se virar contra a oposição, diz

Gleisi Hoffmann ainda minimizou a possível instalação de uma CPI na Câmara para apurar o esquema de fraude no INSS. A oposição conseguiu, na terça (29), a quantidade mínima de assinaturas necessárias para dar entrada no requerimento e o protocolou na tarde desta quarta (30).

“Duvido que uma investigação por uma CPI seja mais aprofundada do que uma feita pela Polícia Federal como está sendo feita. E acho que a oposição também tem que se preocupar, porque ela foi governo. [...] Se não me engano, de 11 entidades investigadas, parece que cinco ou seis foram credenciadas exatamente no governo Jair Bolsonaro (PL)”, disse a ministra emendando que o governo não tem nenhuma preocupação com a investigação.

Ela ainda citou nominalmente o senador Rogério Marinho (PL-RN), que teria sido secretário nacional de Previdência no período em que algumas das entidades investigadas foram autorizadas pelo INSS, e depois nomeado outra pessoa para este cargo.

“Os problemas começaram nesse período, eles têm muito o que explicar”, disparou.

Ainda segundo a ministra, os desvios em si começaram em 2019 e foi a Controladoria-Geral da União (CGU) da atual gestão quem iniciou a apuração. Segundo ela, “o governo não demorou”.

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