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A Gol pode aumentar seu pedido de aviões à Boeing depois de ver aprovada a compra da rival de menor porte Webjet, afirmou o presidente-executivo da companhia aérea, Constantino de Oliveira Junior, nesta segunda-feira.

Segundo ele, uma vez concluída a aquisição, a Gol poderia renovar a frota da Webjet em 18 a 24 meses.

A compra da Webjet, quarta maior companhia aérea do Brasil em participação de mercado, foi anunciada pela Gol na sexta-feira por 311 milhões de reais, incluindo dívidas de cerca de 200 milhões de reais.

Com a Webjet, a Gol assume a liderança em 8 das 10 principais rotas aéreas do Brasil, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Entre os motivos citados por Constantino Junior para a aquisição está a frota da Webjet, composta por 24 jatos 737-300 da Boeing, modelo mais antigo que os 737-700 e 737-800 Next Generation operados pela Gol. Segundo o presidente da Gol, isso deve simplificar a incorporação da Webjet, não exigindo muito treinamento de pessoal, por exemplo.

"O plano é renovar a frota da Webjet com 737-700 e 800. Estamos imaginando que se o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e a Anac aprovassem hoje a operação, por exemplo, poderíamos renovar toda a frota em 18 a 24 meses", disse o presidente da Gol em teleconferência com jornalistas.

Segundo ele, a companhia pode aumentar o pedido de aviões para a Boeing para tornar a frota da Webjet mais eficiente. Em 2010, a Gol fechou a encomenda de até 30 jatos 737-800 NG com entregas previstas para entre 2014 e 2017.

"Tem a possibilidade de ampliar nosso pedido junto à Boeing", disse Constantino. "A questão é que, se faço pedido hoje, a Boeing vai entregar em 2016, o que não resolveria o problema no curtíssimo prazo... Naturalmente, com uma frota maior, a tendência é que nós venhamos a ampliar também nosso pedido junto à Boeing para manter nossa frota jovem."

Ele não comentou quantos aviões poderia adicionar ao pedido feito à fabricante norte-americana.

Além da encomenda adicional de aeronaves, a Gol trabalha com outras duas possibilidades: atualizar a frota da Webjet com renovação de alguns de seus contratos de leasing, mantendo os aviões da empresa e retornando apenas os 737-300, e buscar novos leasings operacionais de jatos.

SINERGIAS

A união de Gol e Webjet deve criar sinergias de 100 milhões de reais que poderiam ser capturadas dois anos após a aprovação do negócio por órgãos reguladores, disse o vice-presidente financeiro da empresa, Leonardo Pereira.

Segundo ele, os principais indicadores financeiros da Gol não devem ser alterados por ora. Até a aprovação da compra da Webjet, as empresas serão geridas de maneira separada.

Pereira afirmou que a dívida de cerca de 200 milhões de reais da Webjet tem vencimentos entre 2011 e 2015, e que a intenção da Gol é melhorar o perfil desse endividamento após a aprovação da compra por autoridades.

As ações da Gol recuavam 0,61 por cento às 12h45, a 19,65 reais, contra queda de 1,72 por cento do Ibovespa. Na sexta-feira, os papéis da companhia aérea tiveram valorização de 3,51 por cento, diante da expectativa de que a compra da Webjet fosse anunciada após o pregão, o que se confirmou.

Na avaliação do Bradesco BBI, a compra da Webjet aumenta a presença da Gol nos principais aeroportos do país e a renovação da frota da empresa "pode formar uma campeã em controle de custo operacional no setor, uma vez que o único custo elevado da Webjet é o combustível por causa de sua frota antiga".

MARKET SHARE

Com a operação, a Gol deve pular em participação de mercado em importantes rotas do país. Segundo números da Anac, antes da compra da Webjet a Gol tinha a maior fatia apenas em duas das 10 principais rotas domésticas. Com a ex-rival, a empresa vai passar a ter predominância em mais seis, ante a líder de mercado TAM.

Nas rotas Santos Dumont (RJ)-Brasília e Galeão (RJ)-Salvador, o grupo terá fatia de mercado acima de 60 por cento.

Questionado sobre eventuais restrições ao negócio pelo Cade, o presidente da Gol disse que o foco em baixo custo e tarifa deve nortear a decisão do órgão antitruste.

"Acho que isso para o Cade é fundamental... Estamos falando em ampliar a atuação de uma companhia que estimula a concorrência. Por definição, essa ampliação é positiva para o consumidor e deve ser assim percebida pelo Cade", disse.

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