O Goldman Sachs elevou a projeção de crescimento do Brasil para 6,4 por cento em 2010 ante previsão anterior de 5,8 por cento, de acordo com o economista-chefe da instituição, Jim O'Neill.
"Na sexta-feira, recebi um texto do Paulo Leme (economista do Goldman para mercados emergentes) e ele disse que queria revisar a nossa previsão para 6,4 por cento. Essa é a segunda mudança de projeção. Ele já me deve três jantares. No último outono, eu já falava em 7 por cento", afirmou O'Neill, no seminário "Uma agenda para os Brics".
O economista foi quem cunhou a sigla Bric, formada por Brasil, Rússia, Índia e China.
Na visão de O'Neill, o mundo hoje tem dois pilares: os Estados Unidos e os países do Bric. E, para, ele, o bloco, principalmente a China, tem um papel importante de compensar a perda de capacidade norte-americana de consumo e produção provocada pela crise.
De acordo com o economista, o Goldman estima crescimento de 11,4 por cento para a China, expansão de 8,2 por cento para a Índia e avanço de 4,5 por cento para a Rússia em 2010.
No mesmo evento, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga afirmou que não dúvidas de que o Brasil se encontra numa forte recuperação econômica, mas colocou dúvidas sobre a sustentabilidade do patamar de expansão.
"Fiquei satisfeito em ouvir essa projeção e tendo a achar que é possível que se chegue lá", disse a jornalistas. "Se isso é sustentável são outros quinhentos. Ano passado foi de crescimento nulo e é natural que este ano seja mais alto."
Fraga defendeu uma elevação na taxa de investimento e de poupança para que o país possa crescer a níveis mais elevados. "Precisamos investir a 23, 25 por cento do PIB. Isso vai exigir poupança, financiamento e capital de risco. É razoável esperar por isso daqui a cinco anos", afirmou.
O ex-presidente do BC acha que investimentos mais fortes em educação também poderiam ajudar o Brasil a alcançar um novo patamar de crescimento.
Câmbio chinês
O'Neill e Fraga minimizaram as preocupações das economias desenvolvidas com o câmbio chinês e afirmaram que o iuan vai se valorizar naturalmente nos próximos anos. O'Neil relatou que passou alguns dias na China para conhecer melhor a economia local e concluiu que a moeda chinesa, depois de uma valorização de 20 por cento nos últimos cinco anos, chegou perto do valor justo.
"Não ajuda nada quando Bruxelas ou Washington fazem tanto ruído sobre a taxa de câmbio da China. Ela deve ser vista como boa para o povo chinês e não para ajudar Obama ou Bruxelas", alfinetou na palestra.
Fraga destacou que a China deve buscar ao longo do tempo fortalecer sua moeda e deixar de ter apenas como referência o dólar. "Em algum momento vai ser interesse deles deixar a moeda se fortalecer", disse.
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