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Carlos Hamilton, do BC: recuperação virá em 2013. Mesmo assim, mais lenta do que se previa | Marcello Casal Jr/ABr
Carlos Hamilton, do BC: recuperação virá em 2013. Mesmo assim, mais lenta do que se previa| Foto: Marcello Casal Jr/ABr

Números

-1,5% é a nova previsão do Banco Central para o desempenho da agricultura em 2012, segundo relatório divulgado ontem. Antes, a estimativa era de um crescimento de 2,5%.

BC espera que juros ao consumidor caiam mais

Folhapress

O diretor de política econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo, afirmou ontem que a expectativa da autoridade monetária é que as taxas de juros aos consumidores caiam para a casa dos 37% ao ano em junho. "Nossa visão é que os juros à pessoa física vão se posicionar em um novo recorde de baixa neste mês."

Nesta semana, o BC divulgou que a taxa média para consumidores caiu de 41,8% ao ano em abril para 38,8% ao ano no mês passado. No caso de financiamentos para pessoas jurídicas, a queda foi de 26,3% para 25%, na mesma comparação. A inadimplência dos consumidores voltou a subir em maio. Os dados do BC mostram que 8% dos empréstimos a pessoas físicas apresentam atraso no pagamento superior a 90 dias, acima dos 7,8% registrados em abril. No caso da inadimplência das empresas, o porcentual se manteve em 4,1% . A inadimplência geral (pessoa física e pessoa jurídica) foi de 6% em maio – a maior da história (da série iniciada em junho de 2000). A inadimplência da pessoa física é a maior des­de maio de 2009.

Apesar desse cenário de alta do calote, as taxas de juros cobradas do consumidor continuaram em queda. A taxa média para pessoas físicas no mês passado caiu de 41,8% ao ano para 38,8% ao ano. No caso dos financiamentos para pessoas jurídicas, passou de 26,3% para 25%. "A inadimplência se manteve no patamar mais elevado da nossa série, influenciado pela inadimplência de pessoa física, em particular veí­culos. Isso acontece por conta do segundo semestre de 2010. Tivemos naquele período expansão bastante pronunciada, prazo médio dessas operações era de em média quatro anos, e isso ainda repercute na carteira de crédito", ressaltou Túlio Maciel, chefe do Departamento Econômico do BC.

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O governo admitiu pela primeira vez que a economia brasileira vai crescer neste ano menos que o verificado no ano passado. O Banco Central revisou ontem a projeção de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 2012 de 3,5% para 2,5%. Em 2011, o crescimento foi de 2,7%. Será o segundo ano seguido de desaceleração e o pior resultado desde 2009, quando a economia encolheu por conta da crise externa.

A revisão se deve, principalmente, ao fato de a atividade econômica ter crescido, desde o primeiro trimestre, mais lentamente que o esperado. A instituição ainda não divulgou a previsão para 2013, mas afirmou que será um ano de recuperação. Destacou, entretanto, que as estimativas de analistas para o próximo ano têm sido revisadas para baixo. Essa avaliação está em harmonia com a afirmação, já feita pelo BC, de que a crise vai se arrastar por mais dois anos.

O mesmo documento (o Relatório Trimestral de Inflação do BC) destaca de maneira inédita que economias emergentes sofrem cada vez mais o impacto da crise na Europa e Estados Unidos. "Prevalece uma visão de recuperação em 2013, mas a intensidade dessa recuperação tem sido revista para baixo", disse o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo, ao apresentar o Relatório Trimestral de Inflação.

Para chegar a sua nova estimativa de crescimento em 2012, o BC cortou pela metade sua projeção para a expansão da indústria, que passou a ser de 1,9%. Também diminuiu a previsão para o setor de serviços para 2,8%. No caso da agricultura, a revisão foi mais drástica, já que passou de uma alta de 2,5% para uma retração de 1,5% (leia mais sobre as perspectivas para a agricultura na página 19).

Apesar de avaliar que a atividade perdeu força, o BC diz que a política de corte dos juros continuará sendo conduzida com "parcimônia", pois várias medidas de estímulo econômico ainda terão efeito, neste e no próximo ano. Para vários analistas, parcimônia significa cortes de 0,50 ponto porcentual da Selic nas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). A divulgação da nova previsão derrubou os juros no mercado, devido à aposta de que a taxa básica deve cair dos atuais 8,5% para 7,5% ao ano.

"Pé no chão"

A visão do BC não é, no entanto, unanimidade na equipe econômica e despertou críticas. O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, disse que o crescimento em 2012 será maior que no ano passado. Afirmou ainda que o número do BC "não é um dado que possa se tomar como sendo preciso e certo", pois não leva em conta todos os estímulos do governo para a economia.

A ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, considerou a revisão da projeção de crescimento da economia brasileira para este ano uma "adequação à realidade". "Pé no chão, mas com muito trabalho", disse. "É claro que a situação da crise coloca condições de maior dificuldade. Mas não tem semana que não tenha anúncio, que não tenha iniciativa, que não tenha ação do governo para fazer com que o crescimento se dê dentro das nossas potencialidades e possibilidades", afirmou.

Preços

O BC também revisou para baixo a projeção para a inflação em 2013, de 5,2% para 5,0%, e avalia que o índice de preços ao consumidor vai ficar praticamente nesse nível no primeiro semestre de 2014. A expectativa para 2012, porém, foi revisada para cima. Em março, a previsão era de um IPCA abaixo da meta (4,4%) em 2012. A alta do dólar, no entanto, levou o BC a elevar a projeção para 4,7%. Apesar do aumento, se confirmado, será o melhor resultado para a inflação nos últimos três anos.

Moody’s rebaixa rating de oito bancos brasileiros

A agência de classificação de risco Moody’s informou ontem que rebaixou a nota de crédito de oito instituições financeiras brasileiras entre um e três graus, como parte de sua revisão global de todos os bancos com ratings mais elevados do que o rating soberano de seu país de origem. "Nossa análise indicou que há poucas razões para acreditar que esses bancos estariam isolados a partir de uma crise da dívida do governo", justificou a Moody’s, em comunicado. "Mais especificamente, nós notamos uma significativa exposição direta desses bancos para os títulos do governo brasileiro, equivalente a 167% do capital de nível 1, em média."

A Moody’s rebaixou Banco do Brasil, Safra, Santander e HSBC Bank Brasil ao nível do rating de crédito soberano do Brasil, ou seja, o grau de investimento Baa2. Bradesco, Itaú Unibanco e o banco de investimentos do Banco Itaú BBA foram rebaixados em um grau acima do rating soberano, porque possuem fatores que ajudam a mitigar os riscos, incluindo níveis moderados de diversificação internacional e altos níveis de negócios e diversificação de resultados, apesar de, em geral, possuírem altos níveis de participação na dívida soberana.

O Banco Votorantim foi rebaixado em um grau abaixo do nível do rating da dívida soberana brasileira para refletir o mau desempenho financeiro do banco, incluindo a fraca qualidade e rentabilidade dos ativos e as perspectivas de desafios constantes para a sua solidez financeira.

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