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Máquinas de lavar e geladeiras continuarão com o IPI de 10% e 5%, respectivamente, até o fim de junho; objetivo é manter o consumo aquecido | Hugo Harada/ Gazeta do Povo
Máquinas de lavar e geladeiras continuarão com o IPI de 10% e 5%, respectivamente, até o fim de junho; objetivo é manter o consumo aquecido| Foto: Hugo Harada/ Gazeta do Povo

Primeiro semestre será fraco, dizem analistas

A expectativa de analistas é que os fatores que vêm segurando a economia brasileira, como o aumento na renda e na intenção de consumo, percam força nos próximos meses e que novas quedas surjam no primeiro semestre. "As famílias estão mais endividadas e são débitos de longo prazo, o que faz com que a intenção de consumo recue bastante e o crescimento não seja favorecido", comenta Luciano D’Agostini, do UniFAE.

"A recuperação da economia brasileira virá, acredito, no segundo semestre. Os recuos consecutivos, porém, não significarão recessão, já que o país deve fechar o ano positivo, mas próximo dos 3% e não de 4,5%, como estima o governo federal", analisa o professor do Ibmec Reginaldo Nogueira. A Tendên­cias trabalha com uma estimativa de alta do IBC-Br de, no máximo, 1,1% no primeiro semestre de 2012. Ainda assim, a retomada da economia a partir de julho deve ser puxada pela atividade agrícola, e não pela indústria.

Urgência

Segundo os analistas, com uma taxa de juros em 9,75% – e não podendo passar dos 8,25% por causa da relação da Selic com a poupança –, o país chega cada vez mais perto da necessidade de implantar as tão pedidas reformas fiscal (tributária), monetária e política. "Sem essas mudanças estruturais importantes o país continuará com o chamado ‘voo da galinha’, incapaz de sustentar uma margem de crescimento minimamente estável ao longo dos anos. Cresceu 7,25% em 2010, para subir apenas 2,7% no ano passado", observa D’Agostini. O ministro Guido Mantega avalia que, com vários estímulos oficiais, especialmente a queda de juros pelo Banco Central e desonerações fiscais, será possível fazer com que a economia do país avance 4% em 2012.

R$ 16,9 bi para as empresas

é quanto a Receita Federal deve destinar nos próximos dois meses. O dinheiro pertence aos exportadores, mas segue depositado no Tesouro, há décadas, na forma de créditos de PIS e Cofins. A restituição dos créditos estava prevista no programa Brasil Maior desde o seu lançamento (agosto de 2011), embora não fosse levada a sério pelo setor privado – desde o governo FHC a União promete devolver estes recursos.

Após a divulgação de dados fracos da atividade econômica do Brasil em janeiro, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou que será prorrogada por mais três meses a diminuição do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para mercadorias da linha branca, entre elas geladeiras, máquinas de lavar, fogões e tanquinhos. O setor moveleiro também será beneficiado.

As medidas fazem parte da política de estímulo ao consumo do governo, que visam elevar o nível de atividade. De acordo com o ministro, serão estendidas até o fim de junho as alíquotas de IPI para geladeiras (5%) e máquinas de lavar (10%). Será mantida em zero a cobrança do imposto sobre fogões e tanquinhos.

O governo também decidiu reduzir o IPI para luminárias, laminados e revestimentos e móveis até o fim de junho. Para as luminárias, a alíquota baixará de 15% para 5%; para laminados, de 15% para zero; do papel de parede, de 20% para 10%; e, para os móveis, de 5% para zero. "A contrapartida destas medidas é a manutenção dos empregos. Esperamos que eles aumentem, para atender à demanda, que deve crescer", disse Mantega.

Atividade econômica

O governo já vinha estudando estas medidas, mas a divulgação do índice de atividade econômica do Banco Central (IBC-Br) aumentou a urgência. O indicador de janeiro deste ano registrou, na série com ajuste sazonal, queda de 0,13% ante dezembro de 2011 e alta de 1,44% em relação ao início de 2011. O comportamento já era esperado pelos analistas, devido à baixa competitividade que a indústria nacional vem tendo desde 2010, mas ficou um pouco melhor que as estimativas de recuo de 0,5% por causa dos bons resultados do varejo, do mercado de trabalho e do aumento da renda registrados meses atrás, e que refletem agora no indicador.

"A indústria vem sofrendo e perdendo competitividade por três fatores: a taxa real de câmbio, que não favorece as exportações; os salários valorizados e as leis trabalhistas defasadas; e a espera por uma reforma tributária que alivie o setor de forma geral", observa o macroeconomista e professor do UniFAE Luciano D’Agostini. Não à toa, o setor tem adotado uma agenda mais agressiva ao cobrar medidas protecionistas e de incentivo à indústria nacional, pedindo urgência também na votação de projetos de lei que podem aliviar a atividade, como o Projeto de Resolução 72/2010, que corre no Senado e tem como objetivo uniformizar as alíquotas de ICMS nas operações interestaduais de mercadorias importadas, acabando com a guerra entre os portos brasileiros pela movimentação de cargas.

Ao mesmo tempo em que a indústria vê sua competitividade diminuir, o mercado de trabalho brasileiro – com uma taxa de desemprego de apenas 5,7% em fevereiro último, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE) –, a renda da população e a confiança de consumo, de um modo geral, continuam bem. "São esses fatores, além dos resultados do varejo nos últimos meses, que seguraram o índice de janeiro", comenta o economista da Tendências Consultoria, Rafael Bacciotti.

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